Carta aberta para minha ansiedade

Oi Catarina,

Você ganhou nome e isso vai nos ajudar na nossa comunicação.

Preciso te agradecer. Não se espante, é isto mesmo. Você me salvou de muitas circunstâncias embaraçosas. Você me fez ser prudente e antever as situações de risco real e por vezes, imaginários. Eu sei que você só quer nos proteger, o tempo todo. E sei também que suas reações exageradas, não são por mal. Hoje, mais madura eu consigo compreender porque você reage assim e nos deixa descentrada as vezes. A vida nos causou muito medo, né? Isto explica seu espirito de hipervigilância. Talvez sem ele não tivéssemos mesmo sobrevivido. Você é um mecanismo inteligentíssimo. Percebo agora que você tenta a seu modo me avisar de que possamos estar entrando em situações de perigo e isso me prepara para essas situações. Eu te entendo, Catá. Te entendo. E te entendendo eu te respeito. Você não é mau como tentaram me fazer acreditar. Só que agora, já crescidas, não faz mais sentido agirmos assim. Você não tem mais o direito de tentar me paralisar só porque temos medo, porque também temos uma coragem absurda. Temos novos recursos. Já sabemos nos proteger sem que isso seja tão ou mais danoso que correr os riscos inerentes a vida. Eu posso fazer melhor por nós. Já não somos mais tão indefesas. Eu assumo o controle de agora em diante, tá bem? Você segue comigo, eu te acolho e te cuido. Só não faz mais bagunça. Só não tente me impedir de correr riscos necessários. Só não crie mais tantas situações imaginárias para tentar me convencer de recuar, de desistir. Não tente me parar. Eu não irei. Não precisamos medir forças, ok? A gente pode estar ao nosso favor e desbravar esse mundão de Deus juntas. Será se você consegue me ajudar sendo mais sutil? Eu prometo te ajudar não sendo mais tão rígida conosco. Temos um acordo?

Ah! Não precisamos mais só tentar sobreviver. A gente pode viver.

Sobreviver não é tão poético. Viver que é.

Te acolho e te agradeço!

Com afeto,

Mari