Olá, caro amigo
Primeiro, fico muito grato por ter colaborado na ampliação do seu acervo intelectual na medida em que leu o texto do Bobbio que enviei. Segundo, sinto-me honrado pelo convite para discutirmos um tema que gosto: a relação liberdade-igualdade. Terceiro, desejo dizer que nós somos apenas professores, por isso eu não o tenho como aluno, pois você está longe de não ter luz, a não ser que você deixe de pagar sua conta junto à Ligth, rsrs.
Não gostaria de discutir doutrinas, visto que tal método implica em longas arengas e inútil solução para os problemas que temos por resolver. Contudo, minha crítica ao modo de produção capitalista relaciona-se ao fato que nele o indivíduo é apenas uma peça no processo de produção, e, por conta disso, se superestima a liberdade para dar a sensação de que somos livres, quando, na verdade, somos apenas máquinas desejantes para satisfazer o único ser livre: o capital. Nesse caso, creio que a liberdade é apenas uma ilusão, porque, de fato, não somos livres para questionar o modelo produtivo, isso fica claro quando somos chamados de antidemocratas. O que constitui uma violência, jogando para escanteio a possibilidade de, livremente, expor as contradições desse modelo produtivo.
Minha saída dos partidos políticos foi justamente por conta da falta de liberdade que se tem na exposição dos problemas. Não posso concordar com a violência posta pelos países que lutaram pela implantação de uma estrutura “socialista”. Entretanto, ninguém fala das inúmeras guerras e revoluções liberais que ceifaram milhões de vidas. De 1816 até 1975 as guerras tiveram uma natureza: a corrida pelo capital na exploração gigantesca sobre o outro mais fraco, nesse sentido, basta observarmos, por exemplo, o colonialismo sobre África e Ásia, já que a América Latina sempre foi colônia, mesmo depois da independia política dos países desse subcontinente americano. Não posso acreditar que um cristão seja a favor do capitalismo, pois que não seja um socialista, mas um capitalista, quando detentor de conhecimentos profundos advindos dos Evangelhos? Isso para mim é uma brutal contradição. Jesus tinha profundo desprezo pelo dinheiro, assim como eu, talvez seja essa uma herança do meu pai.
Prezado amigo, não creio que estejamos caindo em uma ditadura. Isso, afinal, é o discurso liberal para derrotar a Dilma que coloca dinheiro na melhoria das condições do pobre, olha que sou opositor ao PT. Dinheiro público, advindo dos nossos bolsos, deve ter natureza pública e não privada, como criar estradas para escoar mercadorias etc. Querem que o Estado construa estrada? Pois bem, façam com seus dinheiros. Querem que o Estado construa aeroportos para aumentar os serviços para os passageiros? Ótimo, edifiquem com seus recursos. Querem investimento em tecnologias? Excelente, invistam com seus fundos financeiros. Querem dinheiro para ampliar seus parques industriais? Perfeito, tomem dos bancos privados. Etc. O Estado tem finalidade pública e não privada.
Meu bravo amigo simpatizante do liberalismo, doutrina pela qual tenho respeito histórico, não ouça o canto desses vampiros do Estado. Eles ficaram bilionários e agora que, historicamente, devolvem-se alguns parcos serviços aos pobres, eles colocam terror na cabeça das pessoas. Por isso, com todo o fervor de minha alma, oro para que o bondoso Deus libere o demônio e seus auxiliares com o fim de cortar as gargantas desses sugadores dos nossos sangues.
Um abraço.