Carta - "Ao Amor da minha Saudade"
Ao som de uma flauta uma carta escapa da alma. Com endereço certo segue no correio direto para o infinito céu, nas alamedas das nuvens onde mora o meu Amor.
Investiguei os horizontes do meu querer para colocar a caligrafia transparente no papel vergel. No final o lacre seria com as flores da cerejeira, lá das terras distantes onde juntos caminhamos.
A flauta desliza com seu som percorrendo as lembranças suavemente no papel.
Nas folhas da carta o meu estilo é límpido tal qual teus olhos quando me despiam nas linhas dos lençóis.
Na escrita transmuto-me recordando a aventura dos nossos beijos e os suplicantes desejos quando o relógio da aurora alertava o canto dos pássaros.
E na fascinação do romance na luz do luar, onde de mãos dadas escrevemos no azul noturno a missiva do enlace, para recordar na eternidade.
Nos dias invernais ainda admiro a aurora e o poema do luar, lembro de ti assim acariciando e acolhendo nossas estórias em um beijo inolvidável.
A flauta atualiza o presente expondo-me na introspecção do inverno.
Na janela da resignação observo as gotas da chuva caindo levemente nas folhas do manacá; delicada para sucumbir nas flores brancas da última florada, o sutil perfume...
Assim como uma chuva de inverno eu vou reverenciando em gratuidade ao universo este sublime sentimento.
A flauta segue criando ondas para se unir na mesma cadência das gotas da chuva, deixando o espaço embevecido com suas notas.
As chuvas viajando no ar embebendo a terra.
E eu alongando pensamentos no meu intimo absorto em todo este Amor.
E assim como uma flauta me entrego nas letras do passado deste Amor, já tão versejado sem perder-se no tempo apenas extasiando-se a recordar os dias dourados.
O som vai finalizando e observando-me noto o quanto foi rica a experiência de viver a paixão e sentir a trajetória deste excelso Amor.
Hoje com um novo nome Saudade...
Carta ao meu esposo
Dirceu Augusto.
O primeiro e único,
Amor da minha vida.
O Amor da minha saudade.