Sempre Ela

Em uma madrugada comum, em que, o vento entra pelas janelas do quarto, serena e fria, como o cachimbo do inverno, acalenta-se um pequenino coração em meios das palavras, eu germino.

Por minha vez, me sinto ingênuo nas palavras, por um momento, constei de mim, um pequeno relutar, eu vivi, o momento em que para viver, como escrever, palavras são insuficientes.

Me sinto, como desnudo, envolto por uma capa serena em meio ao frio, meus pés tocam o chão em granito, meus braços, procuram as pontas da vestimenta para se aquecer de forma imaginária, minha boca seca e o vapor esvaindo do meu ser, por muitos anos eu vivi nesse frio, procurando qual era a cor de um raio de sol, permaneci frio.

Mas, atualmente, eu vivo uma incerteza, vivo um medo, de forma que, eu tento, eu procuro entender, tudo que eu não consigo tocar, tudo que eu não consiga controlar, ando em uma trilha de cascalho com venda nos olhos, tateando a escuridão procurando certezas, mas, nesse espetáculo negro, envolto por estrelas, envolto por calor, eu pego a mão de alguém, não só alguém, mas que, qualquer um que consegue ver através da minha alma, sabe, sempre saberá, de quem é a pessoa com que eu falo de coração.

Sinto que o futuro, é incontrolável. Ele é formado por uma razão de incertezas, como uma tempestade que pode chover em qualquer lugar, mas sempre, sem percebermos, acobertará totalmente o chão que pisamos. Ainda tenho medo do futuro, tenho medo de me tornar sozinho, tenho medo de amargurar, mas quem me prova, sabe quão agridoce eu posso ser, por mais que haja silêncio ou falta de palavras, são silêncios de seja bem-vindo.

Percebo que, o medo sempre existirá. Por mais que tenhamos cuidado e tentamos, com unhas e dentes, permanecer nas rédeas, somos escravos do destino, bailando e dançando, seguindo os passos que nos provém andar, bailarinos em uma obra de arte, meticulosamente preparada para estrear. Dessa forma eu vivo, no caos do dia a dia, na incerteza do improvável, da dúvida de viver.

Novamente, em uma madrugada, escrevendo e metaforando palavras que não consigo dizer, ou que, tenho medo de perderem sentido nas mãos que tento aquecer, que possam criar uma nova interpretação fora do meu sentimento. Hoje, procurei ser mais direto, deste ponto para frente, eu quero sempre seguir.

Digo que, nesse inverno, nas ruas e iluminações boreais do aquarela do céu, um coração me aquele, no seio que eu vejo como lar, do abraço que me envolve como castelo, das mãos que me protegem como um exército, da cabeça que sopra em minha testa como o novo amanhã, dos olhos que me olham, tal vezes raiva, tal vezes amor, tal vezes carinho, tal vezes preocupação.

Que, porventura eu sempre escreva, das minhas infinitas formas de expressar, é sempre dela quem eu penso, por mais que, temos nossas recaídas, nossos afastamentos e até desamores momentâneos, fugimos da realidade, na realidade de nossos sentimentos. A dúvida, é boa. Como a melhor forma de se expressar, que, mesmo não sendo dono do próprio destino, você luta com carne e alma, por mais que você não exista no amanhã, a pessoa a quem eu amo, estará lá novamente, em mais um dia. De inverno, primavera, verão, outono.

É somente uma forma de dizer, aquilo que eu gostaria sempre de falar quando envolvo minhas mãos em suas bochechas, aquecendo meu romance nesse amor maduro, florescido, num luar estrelado. Lua nova, sentimento velho, transformado por todos esses anos, mas em essência, é o velho eu te amo.

Talvez, eu esteja me sentindo sozinho, mas não só. Mas, que dormir abraçados, merecia ser mais que um mero devaneio.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 10/08/2020
Código do texto: T7031218
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