Carta ao futuro, com um sincero pedido de desculpas

Assistindo "Immigration Nation", série documental Netflix, sobre a prisão e deportação de imigrantes, não esquecendo que pais são separados de filhos e ambos ficam enjaulados. Metade do primeiro episódio e me causa tristeza ver a forma como o ser humano é capaz de promover leis e políticas públicas de destruição da própria espécie. Pior pensar que estamos caminhando para o mesmo lugar escuro, úmido, frio, porque o mico daqui imita o mico leão dourado de lá.

Antes disso, assisti um documentário no mesmo app, sobre os mais procurados do mundo (The Must Wanted in the World), em um dos episódios mais chocantes, a busca era por Felician Kabuga, o grande financiador do genocídio que ceifou 800 mil vidas em Ruanda (até hoje não julgado, tampouco condenado - somente peixes pequenos foram). Resumo da novela: também estamos caminhando para isso, não fosse o covid que já levou 100 mil do 30 pretendidos pelo mico, temos os crimes de ódio racial, de ódio religioso, temos o ódio implantado no país que discrimina sob céu de brigadeiro tudo aquilo e todo aquele que não pertence à "sociedade de bem".

Difícil, por mais que eu tenha fé, esperar por tempos melhores, se a cada dia que abro um site de notícias ou ouço um noticiário é só tristeza e depreciação. Sem falar, claro, da devastação ambiental do "rei da boiada".

Isso me remete à lembrança de que eternos colonizados, dificilmente os brasileiros conseguirão chegar à Corte, sem corte de muitas vidas, simplesmente porque a condição social faz da carne a mais barata.

"Nossa Fernanda, mas você só assiste coisas deprimentes", alguns pensarão, ainda que não digam nos comentários.

Não eu assisto a história pretérita e presente e por meio delas já posso imaginar a futura e me preocupa como serão o país e o mundo em que meus quatro sobrinhos e tantas outras crianças hão de viver.

Tenho certeza que, enquanto humanos, somos muito melhores do que isso aí que tem fazendo live-deboche toda quinta no "faicibuk".

Só não consigo encontrar o caminho de volta, afinal, presos ao imposto "Minorit Report" na vida real não nos é permitido o Efeito Borboleta.

Nos resta escrever ao futuro, com um sincero pedido de desculpas porque enquanto seres humanos falhamos.

De cara limpa.

Tchau, boa noite e até amanhã.

São Paulo, 09 de agosto de 2020.

P.O.: Recanto das Letras

Fernanda Hanna
Enviado por Fernanda Hanna em 08/08/2020
Reeditado em 09/08/2020
Código do texto: T7029452
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