Planejamento

Sabe, Ângela. Tu lembra da absoluta depuração constante em nós?

Tá, tudo bem, eu sei que faz um tempo... mas presta atenção. Será mesmo o nosso estranho fim uma alucinação pra uma transa posterior?

Você diz que não de forma tão ambiciosa de mim, que juro, as vezes parece que me quer em teus caminhos, no ombro largo da tua pele branca.

Sei lá, quem sabe eu saiba.

As tuas mais antigas e desbotadas fotografias me enfiam num labirinto intrínseco à nós.

Esse nós, que coisa mais cafona, não?

Pois é. É que as vezes eu me faço em tua personagem mais pungente que acho que não cabe nem mesmo em você. Sempre que ouço as outras pessoas sem ouvir você, morre um tanto de nós. Um nós tão nós que me sinto só.