JANELAS DO AMOR EM TODOS SOMBRIOS

Minha estimada Madalena Sueia!!!!!!!!!!!!!!!!

Ontem fui feliz, excessivamente feliz, como não se pode sê-lo mais! Até que enfim, uma vez na vida, você, sempre tão inacessível, satisfez os meus desejos! Eram cerca de oito horas, já quase noite, quando acordei da soneca que costumo dormir todos os dias, depois do trabalho. Acendi a luz e tinha já os papéis em ordem, faltando-me apenas aguçar a pena, quando, de súbito, levantei, casualmente, os olhos e deparou-se-me um espetáculo extraordinário, que me fez pular o coração. Compreende o motivo do meu alvoroço! É que vi uma pontinha da cortina da sua janela presa a um vaso de balsamina.

Pareceu-me vislumbrar o seu querido rosto, através da janela; que me contemplava da penumbra do seu quarto, e que também pensava em mim. Que pena eu tive de não poder distinguir bem essa face aveludada, minha querida!

Mal chega a primavera, os nossos pensamentos tornam-se agradáveis, espirituais e fantásticos, como a bela estação e os sonhos ternos,

Tudo é calor e rosas.

É por isso que eu escrevi estas coisas. Se bem que, na sua maior parte, fui buscá-las ao livro de que lhe falei do amigo Fiodór Dostoiévski. Nele o autor exprime, mas em verso, este mesmo desejo.

Oh, quem me dera ser pássaro, ave de rapina...

Tenho ainda muitos outros pensamentos, porém deixemos isso...

Mas diga-me, meu amor: aonde foi esta manhã?

Meu anjo! Já estou preste a encher uma folha e são horas de ir lavar as Máscaras e aplicar álcool também. Beijo os seus deditos, querida Madalena Sueia, e sou um seu humilde criado, Rabugento e fiel amigo.

Cláudio Sindique

Sydney Sindique
Enviado por Sydney Sindique em 22/07/2020
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