CARTAS AO TEMPO - Do Ouro Aluvião aos Cruzeiros Serranos
Escrevo do presente à cultura futura me alimentando da cultura popular do passado.
A Ciência Histórica já provou o trajeto daqueles que perambulavam pelas Minas Auríferas. As tropas dos mascates vindas dos portos, passavam pelos lugares altos daquelas regiões onde a ação da natureza depositava o ouro que se erodia indo para os lugares baixos.
Os tropeiros traziam gêneros alimentícios e se protegiam das vazantes dos rios buscando lugares altos, cristas serranas. Aí erguiam cruzes e ou plantavam árvores com sombras frondosas para se protegerem do sol e os animais pastarem.
Nestes lugares o imaginário criava narrativas supersticiosas relacionadas à brutalidade da vida: recorriam aos céus surgindo a religiosidade e a materialidade de suas necessidades.
Em cada madeiro dos cruzeiros fincados símbolos da ordem que lhes acenavam prosperidades. Sob as árvores frondosas um tacho de ouro carregado de pedras preciosas que alguém enterrara para, na próxima passagem por ali, carregar. As Mães d’Água, as Almas Penadas havia de resguardar o tesouro que aquele que confiava na sorte e proteção deixara. Bem mais que “os desqualificados do ouro”: assaltantes e prostitutas, os caminhos e descaminhos do ouro era transitado por fantasmas, espíritos e assombrações.
Na fazenda de meu avô havia a tal da figueira sob a qual a alma penada não deixava ninguém chegar lá no alto do caminho. E havia o cruzeiro onde agregados negros queriam enterrar os seus “anjinhos”. Tinha que se policiar para que os corpos defuntos de crianças fossem levados para o cemitério do vilarejo próximo. Conta-se que em volta daquele cruzeiro o primo que herdou as terras temia de que o outro queria construir uma capela e que dela surgisse um novo povoado.
Este cruzeiro não é único nas Minas Gerais. Era comum nas Paragens oitocentistas do barroco rococó que se expressava pela religiosidade popular beirando à superstição: oralidades e suas lendas.
Certa vez, na troca de mensagens virtuais um poeta e agente cultural da região de Caeté deu esta explicação:
Agente cultural: estes cruzeiros “São símbolos que se referem ao Livro do Apocalipse e ao livro bíblico de Ezequiel. Mas também pode ter alguma relação maçônica iluminate... Nostradamos..."
No grupo virtual de Barroso, uma pessoa ao se referir a um cruzeiro daquelas cercanias disse que "Na crença popular o Cruzeiro está conectado ao plano espiritual como se fossem portais por onde passam orações, luz e também saudade”.
Assim são as Minas auríferas, mineradoras, barroca e repleta de oralidade seja qual for seu regionalismo. Religiosidade, misticismo e mitificação nunca nos faltaram. Pedro Nava nos testemunha segundo sua literatura.
Escrevo do presente à cultura futura me alimentando da cultura popular do passado.
A Ciência Histórica já provou o trajeto daqueles que perambulavam pelas Minas Auríferas. As tropas dos mascates vindas dos portos, passavam pelos lugares altos daquelas regiões onde a ação da natureza depositava o ouro que se erodia indo para os lugares baixos.
Os tropeiros traziam gêneros alimentícios e se protegiam das vazantes dos rios buscando lugares altos, cristas serranas. Aí erguiam cruzes e ou plantavam árvores com sombras frondosas para se protegerem do sol e os animais pastarem.
Nestes lugares o imaginário criava narrativas supersticiosas relacionadas à brutalidade da vida: recorriam aos céus surgindo a religiosidade e a materialidade de suas necessidades.
Em cada madeiro dos cruzeiros fincados símbolos da ordem que lhes acenavam prosperidades. Sob as árvores frondosas um tacho de ouro carregado de pedras preciosas que alguém enterrara para, na próxima passagem por ali, carregar. As Mães d’Água, as Almas Penadas havia de resguardar o tesouro que aquele que confiava na sorte e proteção deixara. Bem mais que “os desqualificados do ouro”: assaltantes e prostitutas, os caminhos e descaminhos do ouro era transitado por fantasmas, espíritos e assombrações.
Na fazenda de meu avô havia a tal da figueira sob a qual a alma penada não deixava ninguém chegar lá no alto do caminho. E havia o cruzeiro onde agregados negros queriam enterrar os seus “anjinhos”. Tinha que se policiar para que os corpos defuntos de crianças fossem levados para o cemitério do vilarejo próximo. Conta-se que em volta daquele cruzeiro o primo que herdou as terras temia de que o outro queria construir uma capela e que dela surgisse um novo povoado.
Este cruzeiro não é único nas Minas Gerais. Era comum nas Paragens oitocentistas do barroco rococó que se expressava pela religiosidade popular beirando à superstição: oralidades e suas lendas.
Certa vez, na troca de mensagens virtuais um poeta e agente cultural da região de Caeté deu esta explicação:
Agente cultural: estes cruzeiros “São símbolos que se referem ao Livro do Apocalipse e ao livro bíblico de Ezequiel. Mas também pode ter alguma relação maçônica iluminate... Nostradamos..."
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Assim são as Minas auríferas, mineradoras, barroca e repleta de oralidade seja qual for seu regionalismo. Religiosidade, misticismo e mitificação nunca nos faltaram. Pedro Nava nos testemunha segundo sua literatura.
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 19/07/2020.
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Lei do Direito Autoral nº 9.610,
de 19 de Fevereiro de 1998.
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