Ben,
o que eu faço agora?
o tempo passou,
nossa música perdeu a melodia
e até esqueci o trecho da canção que cantávamos,
os nossos corpos nem dançam mais em harmônia.
ben, tudo se foi
a memória se desfez
logo a minha, que sabia de cor teus gestos, tuas manias
mas, agora, teus fragmentos estão espalhados por aí,
eu não te reconheço mais.
o show acabou, ben
meu peito cansou de ser teu palco
e teus maus olhos não me viram a alma.
a luz apagou
não sinto amor pela metade
e que nada reste se for piedade.
eu sou assim ben,
faço tempestade em copo d'água,
ou chover no verão.
grito, choro, esperneio antes do fim
antes de desistir
porque brechas me pesam.
mas ben, me diz
por que eu só sei ser quente em lugares frios?
por que desejo chocolate quente quando é verão?
eu sei que não faço boas escolhas ben,
mas acertei em não ter tentado ser par contigo, porque a gente não pode ser ventania à quem teme e foge até de brisa,
a gente não pode pedir para alguém querer nos amar porque amor não se mendiga.
afeto cobrado, não vale a pena ter
a gente sabe disso, mas perde na ânsia do querer.
e eu?
eu até te quis ben, mas não o bastante para me esquecer.