Carta ao vento

Querida Louise,

Está ai o nome que você sugeriu para seu personagem.

Aproveite, porque será a última homenagem que farei para você.

Não sei quais cartas você tem na sua mesa. Agora já não me importam mais.

Curiosamente você conseguiu destruir o que “não existia”.

Paradoxal, não é mesmo?

Eu não inventei seu tom de voz ao conversar comigo ao telefone. Eu não inventei as palavras que você trocava comigo até altas horas da noite.

O seu suposto interesse por mim...

De repente, esse freio brusco dado por você na nossa história relâmpago me deixou sem voz, me causou mágoas profundas e náuseas.

E isso não foi o pior.

O pior foi quando você bateu a porta na minha cara sem ao menos se explicar.

"A culpa é da minha lua em peixes" o caralho!

Sabe o que acontece quando nos dão as costas assim?

Isso gera dúvidas, perguntas sem respostas, sentimento de culpa fantasma, auto depreciação.

Você falava tanto em amor próprio, empatia, preocupação com o outro. Mas pelo visto, você se importa mais com os animais que deixa de comer, ao ser humano que compartilha a mesma carga astrológica que a sua, povo da sua raça.

Não pensa você que ser soberana no jogo da paixão é algo de se orgulhar, porque não é!

E a sua “eu” do futuro desceu 10 anos para te deixar um recado: a sua ficha vai demorar a cair, mas quando ela cair, será tarde demais. Você terá o coração estraçalhado por uma mulher que não dará a mínima para você.

Eles chamam isso de “fases que não podem ser puladas”. Elas são adiadas, mas puladas jamais.

Você acabou de saltar uma fase em curso, oops.

E infelizmente não poderei te ajudar a se reconstruir.

Rafaela Drummond
Enviado por Rafaela Drummond em 16/07/2020
Reeditado em 11/08/2020
Código do texto: T7007711
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