Carta sobre a TV Globo
Do manuscrito de um velho caderno: texto de carta redigida em 4 de julho de 1997 e dirigida ao jornal "Tribuna da Imprensa", do Rio de Janeiro, e seu diretor Hélio Fernandes. Penso que não foi publicada.
Prezado Senhor Hélio Fernandes:
Quero lhe fazer uma pergunta: o Senhor Roberto Marinho é o dono do país?
Esse tipo de pensamento me vem à mente quando eu passo em agências bancárias, clínicas, consultórios, até restaurantes, e vejo fixado na parede um televisor, invariavelmente ligado na Rede Globo. Certa vez, na seção de crediário de uma loja de eletrodomésticos, tentei mudar de canal e não consegui. Fiquei sabendo que o aparelho tinha sido arranjado para só pegar o canal 4.
Como o senhor pode ver, a TV Globo é onipresente. E é essa a divindade que os brasileiros são induzidos a adorar. E note que a Globo é a emissora que possui a programação mais medíocre, mais vulgar e mais nojenta entre todas, a começar pelas novelas indecentes e alienantes. Como na velha Roma, o Senhor Roberto Marinho, nosso imperador, oferece circo ao povo para que o mesmo esqueça a política. Só que é um circo de má qualidade, e os antecessores do Sr. Marinho também ofereciam pão.