DESBRIO

Meus escritos estão sendo meu refúgio,refúgio de uma sensação que não sei definir bem o que é, as vezes vem como se fosse um desbrio, as vezes como um desprovimento profundo.Também aquela vontade de estar perto de alguém bem aconchegante como dois amantes, eternamente abraçados, trocando carícias,as delícias do amor.

Meus escritos servem como um tipo de terapia,entro no meu interior e converso comigo mesmo, me descubro, me desnudo.Ao mesmo tempo que é uma experiência prazerosa, torna-se dolorosa, porque não é fácil lidar com seus fantasmas,onde em alguns momentos vem a tona recordações, reflexões não digeríveis.

Diante desse tormento em que me encontro vem como consequência uma angustia incessante que parece não ter fim. Sim,ela suaviza em determinados períodos, contudo, volta a carga, como se fosse uma gangorra. Nesse tempo de pandemia fica mais acirrado.

Tem aquela clássica pergunta, que mundo nos espera? Ou melhor, que mundo estamos vivendo e como podemos sobreviver diante de toda essa situação que ele nos relega? Sim, tudo isso não é nada fácil, a mente é sobrecarregada, tenho a estupefacção de que não vou suportar.

Antes se dizia que nós trabalhadores precisávamos matar um leão por dia para sobreviver,hoje eu digo, precisamos matar não um, mas cinco ou mais para continuar na sobrevida.

Aqui estou tentando me segurar perante os meus temores, tremores que me levam aos calafrios perturbadores que só quem passa ou já passou pode entender a dimensão dessa vivência

inclemente
Enviado por inclemente em 16/06/2020
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