Eu vivo os meus dias muito insinceramente.
Insinceramente a ponto de fazer recusas à base de explicações improvisadas, diplomáticas para não magoar,
de aceitar convites resistindo à resistência,
para não ferir,
de não ser capaz de abaixar a cabeça quando,
com vontade do silêncio,
só do silêncio,
passo por algum conhecido na rua e falo Oi,
só para parecer alguém apenas normal.
Eu ando tão insincero que,
diante da oferta de mais um cafezinho,
com ele já despejado na xícara,
acabo tomando mais um cafezinho;
por, quando inevitável,
fazer parte de conversas sobre coisas em que não acredito,
ou que não me seduzem.
Tão insinceros têm sido os meus dias
que até consigo afirmar odiar.
Até declarar e reiterar amar.
Tenho sido tão adiáfano que
nem mesmo o espelho
tem tanta certeza de mim.
Insinceramente a ponto de fazer recusas à base de explicações improvisadas, diplomáticas para não magoar,
de aceitar convites resistindo à resistência,
para não ferir,
de não ser capaz de abaixar a cabeça quando,
com vontade do silêncio,
só do silêncio,
passo por algum conhecido na rua e falo Oi,
só para parecer alguém apenas normal.
Eu ando tão insincero que,
diante da oferta de mais um cafezinho,
com ele já despejado na xícara,
acabo tomando mais um cafezinho;
por, quando inevitável,
fazer parte de conversas sobre coisas em que não acredito,
ou que não me seduzem.
Tão insinceros têm sido os meus dias
que até consigo afirmar odiar.
Até declarar e reiterar amar.
Tenho sido tão adiáfano que
nem mesmo o espelho
tem tanta certeza de mim.