Carta a Terapeuta.
Carta à Terapeuta
Falar sobre o ser humano é uma tarefa difícil. Falar da gente então, nem se fala: é mais difícil ainda. Revelar-se é vencer a mais profunda timidez.
Vocês, profissionais de psicologia, primeiro conquistam nossa confiança, (nós pacientes), e a partir daí o tratamento, se inicia e começa a deslanchar.
E as dificuldades, onde pareciam não existir, começam a surgir. Uma a uma cada questão é discutida, e aí o sentimento aflora; catarses emergem e se incendeiam, e depois de acalmá-las, vem a organização das ideias. Ideias mais limpas e claras...
Muitas vezes, o (eu) está blindado, com medo de mudanças. Aliás ninguém quer sair da zona de conforto. Mudar, invoca o medo, e dá um trabalho danado, e na maioria das vezes é sofrido.
Mas vocês, como se tivessem uma varinha mágica que acessa o núcleo do (eu), com muito cuidado vai penetrando no obscuro mundo do inconsciente, abrindo portas, e trazendo a luz o melhor de nós.
E aí, nos oferece um instrumental para enfrentar essa sociedade, um tanto quanto perturbada, que tem como principal objetivo a glória do materialismo: acumular riquezas, e exibir o brasão do poder. Em detrimento ao sentimento, ao amor. Nem mesmo uma pandemia, consegue diminuir os objetivos de acumular ativos, e girar o capital.
Penso que a desigualdade social, é um dos principais fatores, da maioria das doenças. Porque a sociedade no seu manual de conduta, prega uma concorrência frenética e desleal entre os indivíduos, e ainda com valores duvidosos. E a parcela menos favorecida da população, que vive o stress da luta pela sobrevivência, não tem nenhum acesso há nenhum tipo de tratamento. Sem falar das doenças mais graves, como Alzheimer ou Esquizofrenia, entre outas, que só podem ser tratadas por psiquiatras, com seus remédios, também mágicos, porque se não curam, pelo menos controlam essas terríveis doenças.
Graças a Deus, ainda não possuo nenhuma delas, e sei que a minha se enquadras nas doenças de relacionamento social, penso que mais fáceis de tratar. Não que não deem trabalho, ao contrário, as vezes precisam de muitas sessões para, o indivíduo como eu, diagnosticado bipolar se enquadre na sociedade, com um (eu) o mais próximo da realidade possível.
Não acredito em milagres, mas acho que sou um privilegiado em ter conseguido ter acesso a estes profissionais na maior parte da minha vida.
Não sei qual é o melhor método, mas sei que todas as linhas terapêuticas se misturam, e estão presente a cada sessão, e que só posso dizer, meu muito obrigado!