Que seja feliz, mas nem tanto.
São quase sete da manhã.
Ainda não dormi.
Mas lembro bem o gosto da despedida.
O som dos seus pés saindo pela porta.
A janela não bateu.
Como de costume, o cão latiu e não fomos mais.
Não somos mais.
Há tanto.
Faz algum tempo que o copo está vazio.
E sua voz não ressoa.
O eco é mudo e não canta.
As paredes não gritam, em greve.
Todas as roupas se foram e não tem mais música.
Nenhuma cafonice no rádio agora.
Eu gostaria, mas não posso.
Espero que na sua janela tenha uma voz dividindo a canção com você.
E as memórias sejam eternas, como o gosto ruim que ficou.
Que seja feliz, mas nem tanto.
Que você sorria, amarelo.
s.l.g.d².