Que seja feliz, mas nem tanto.

São quase sete da manhã.

Ainda não dormi.

Mas lembro bem o gosto da despedida.

O som dos seus pés saindo pela porta.

A janela não bateu.

Como de costume, o cão latiu e não fomos mais.

Não somos mais.

Há tanto.

Faz algum tempo que o copo está vazio.

E sua voz não ressoa.

O eco é mudo e não canta.

As paredes não gritam, em greve.

Todas as roupas se foram e não tem mais música.

Nenhuma cafonice no rádio agora.

Eu gostaria, mas não posso.

Espero que na sua janela tenha uma voz dividindo a canção com você.

E as memórias sejam eternas, como o gosto ruim que ficou.

Que seja feliz, mas nem tanto.

Que você sorria, amarelo.

s.l.g.d².

Tatiana Marques (Tath)
Enviado por Tatiana Marques (Tath) em 07/05/2020
Código do texto: T6940566
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