DAQUI PRÁ FRENTE... TUDO VAI SER DIFERENTE? (uma carta para o mundo de agora)
"Aprenda como se você fosse viver para sempre.
Viva como se você fosse morrer amanhã"
(Santo Isidoro de Sevilha)
Mundo, anos de... 2019/2020
Escuro tempo d'uma impiedosa "pandemia"
Coronavírus (COVID-19)
E então, como o será após o termo de tal período?
Como será o mundo depois deste seu então... "capítulo"?
"Daqui pra frente tudo vai ser diferente
Você tem que aprender... a ser gente!" (Roberto Carlos)
Ai! Quem dera!
Quer apostar comigo... que não?
Por favor, acompanham-me... então!
Seria a Vida a nos ensinar apenas uma vez nas lições de seus açoites?
Ó triste e tão débil memória!
A que tão rápido s'esquece as lições de su'história!
"Pandemia"!
Um vocábulo o qual muitos até então desconheciam
Todavia, ei-la agora em um de seus mais cruéis flagelos
Contudo, retornemos à pergunta:
"Como será o mundo quando então findar a devida pandemia?"
Sabendo, é claro, que um mal patológico – em sua singularidade –
[não acaba, entretanto, pode-se, sim, cessar o tempo de sua maior
[abrangência, ainda que siga adiante... com menor virulência
A pandemia batizada de "COVID-19"!
E eis, nest'hora, a se ouvir pela boca de muitos:
"Depois que tudo passar o mundo não será igual ao que antes era"
Será?
Quantas Sodomas e Gomorras destruídas precisarão ser
[para qu'então... venha a surgir um mundo novo?
E... nasceu realmente, de seus escombros este..."renovado tempo"?
Quantos bíblicos dilúvios ainda necessários se farão
[para que se instale uma nova terra?
Quantas "pestes negras"... "gripes espanholas"... "suínas"
[(H1N1)... "coronavírus"... serão ainda aqui "precisos"?
(A fim de que surja uma nova consciência, nest'espaço a que se move
[por ganância... ódio... inveja... e sede de lucro!)
E então:
O que aprendeu o mundo com a Segunda Guerra Mundial?
Ficou diferente?
Tornou-se "outro"?
Resplandeceu um "novo Homem"?
Tornou-se melhor... mais pacífico?
Descobriu, finalmente, o que é "ser humano"?
"Mundo novo"... "nova terra"... "novo Homem"!
Não! Não estou a proferir "discursos apocalípticos"
Longe de mim... tal conduta!
Isto é coisa de embusteiros e vigaristas de igrejas
Que, diga-se de passagem, nunca saem de moda
E, infelizmente... estão por todo o canto
Estes falsos profetas de hoje e de todos os tempos
A incutirem medo na cabeça de milhões de desesperados
Esta pobre gente que pouco ou nada pensa
Que não raciocina, que nada avalia nem questiona
Aceita tudo e compra deles o que lhes oferece e fornece
A comprar deles, a preço de ouro, por bijuterias
Oh! Como esses sacanas aproveitam os momentos de pânico coletivo!
E como são... oportunistas!
Não perdem tempo!
Não, definitivamente... não sou um deles
Nem o ingênuo ignorante da vida
E menos ainda o safado golpista do tempo
Mas - e retornando à questão - serei direto
(E assino em baixo no qu'então direi):
"Depois da atual pandemia o mundo voltará a ser o mesmo de antes
Nada irá mudar
Onde todos retornarão às suas mediocridades e tristes rotinas"
Não se preocupem, nem se desesperem
Tudo voltará à sua "normal anormalidade"
Tudo... tudo... tudo:
* As duras labutas e humilhações para se obter o pão de cada dia;
* Os penosos trabalhos a fim de pagar nossas contas e tributos;
*As inúteis discussões referentes ao futebol e outras mil bobagens
(Ah! O futebol! Como em tal grau está nos fazendo falta!
E o que não se dizer dos inéditos capítulos das novelas da Globo!
Ou dos shows de grupos sertanejos com sua "música sofrência"!
Definitivamente, não sei como ainda estou vivo!)
* As tolas brigas entre colegas em função de partidos e identificações
[políticas (em tal grau insensatas... ridículas!);
* As sujas e desleais concorrências nos espaços de trabalho;
* As bajulações com os chefes e os desprezos com os colegas;
* As rixas entre vizinhos e moradores;
* A deslealdade nos comércios urbanos,
[e em todo o universo das humanas relações;
* Os preconceitos contra tantos que odiamos
(Hoje, um tanto camuflados, já que estamos todos num mesmo barco);
A indiferença e o menosprezo às essenciais profissões urbanas:
Enfermagem, serviços gerais, lixeiros, caminhoneiros, carteiros...;
E, por aí vai...!
Enfim, tudo voltará à normalidade de suas lamentáveis rotinas
[e a cega observância de seus rituais
Com todas suas frivolidades e insignificâncias
E por quê?
Simplesmente por que somos medíocres
Não somos, em essência, nobres
Somos vulgares! Esta é a maior das verdades
Sendo, não há dúvida, "viciados" em nossas mediocridades
Ao que sentimos tanta falta... (quando, é claro, nos são tiradas)
Quais viciados em tempos de abstinência de suas drogas
Oh! Nossas trivialidades, nossas tolices, nossos conflitos!
Da "obrigação" de deformar a vida, burocratizando-a e matando-a
E, sobretudo, da necessidade de contra o outro... guerrear
Pelo que tão bem o fazemos em todas nossas mortas relações
E, deste modo, qual a se obedecer a qualquer lei natural,
[tudo será... como antes
Ao que, infelizmente, do que fora agora aprendido e, em função
[da tão precisa lição nest'hora, oh! eis que será esquecido!
E aí, meu amigo, minha amiga... só tendo uma outra pandemia!
Quer alguém apostar o contrário comigo?
Leia a devida carta daqui a um ano, e veja s'eu m’enganei
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05 de Maio de 2020