CARTA À ITÁLIA
Aqui estamos sensibilizados pela situação desoladora da Itália. Uma volta no tempo e ao tempo.
Um tributo à história que hoje se repete com novas roupagens.
Em referência ao vídeo HAUSER: "Alone, Together" from Arena Pula, no youtube.com
A saudação do músico à plateia é algo que emociona e nos leva ao cenário sangrento de uma época remota.
Coliseu... palco de tantas mortes. Local de tanta tristeza. Lutas insanas. Diversão pela dor nos gritos dos acorrentados. Dos prisioneiros indefesos. E o povo, ah! o povo... Alheio aos fatos. Sem consciência dos fatos. Sem noção da gravidade dos fatos.
Voltamos a nos impactar!
O inimigo voraz devora e ataca a liberdade de ser livre. De abraçar. De acolher. De estar, simplesmente perto.
Reina soberano e surdo na extinção dos entes queridos e nos clamores por piedade.
As máscaras colocadas no lugar das coleiras de ferro e correntes nos trazem a oportunidade da cura e não da derrota. São promessas de dias melhores. De vida reconstruída. Apesar dos que se foram. Apesar dos que ainda querem ficar.
A música no centro desta mandala de horrores, vibra seu lamento em harmônicas notas de esperança.
O músico cumprindo sua missão de tirar do instrumento musical vibrações de Amor apaziguando as vibrações nefastas dos instrumentos de tortura, outrora impostos aos seres subjugados.
Sons benfazejos tocam a alma profundamente numa metamorfose das dores antigas. Hoje quase repetidas...
Cenas quase únicas em um espaço silencioso. O mesmo espaço no centro de nós mesmos. Nosso coração pulsante.
Não há plateia para os estertores da morte. Mas há a esperança de sobrevivência numa vida mais válida e cálida.
Mírian Cerqueira Leite