Carta sobre Gustavo Corção

CARTA SOBRE GUSTAVO CORÇÃO
Miguel Carqueija

NOTA: Esta carta foi publicada em 6 de março de 1985, quarta-feira, no Tabloide Méier do jornal “O Globo”, do Rio de Janeiro. A parte final foi perdida, por cortada na publicação.

Há seis anos e meio faleceu nesta cidade o Professor Gustavo Corção, escritor, tradutor, conferencista, engenheiro eletrônico, líder católico e inventor. A monumental obra literária por ele deixada encontra-se bastante esquecida e o motivo disso foi identificado pelo Profesor Gladstone Chaves de Melo, em matéria publicada num dos últimos boletins G.C. (dedicado, como sugere o nome, à memória de Gustavo Corção e que, para variar, acaba de ter sua publicação suspensa): o eminente pensador desafiou o Príncipe deste mundo.
Durante uma década Corção foi dos mais ilustres colaboradores de “O Globo” e eu acompanhava religiosamente os artigos saídos de sua pena de fogo. Era Corção, entre outras coisas, um verdadeiro cientista, sendo co-inventor do órgão eletrônico e, com Roquete Pinto, pioneiro da radiodifusão brasileira. Como estilista era superior a Machado de Assis e como inteligência, comparável a Rui Barbosa. Ensaísta de primeira água, seu livro “Dois amores, duas cidades”, em dois volumes, honra sobremaneira a cultura pátria. De seus artigos saídos em jornais e periódicos diversos alguns foram enfeixados em livros, como “A tempo e contratempo”. Outros, a maior parte, aguardam que alguém o faça (...).