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10. Band-aid

Sou um band-aid esperando você sarar,

Um band-aid de recuperação e é só isso,

Que quando a ferida curar e cicatrizar,

Serei descartada no lixo.

Sempre estive abaixo de tudo, nunca fui para sempre, quem serei eu nesse entendo mundo, se não nada, um meteoro no escuro?... Me sinto descartável sabe, como um pratinho de plástico em aniversário de criança, que depois de toda comilança, é jogado no lixo. Sou daquele tipo que serve para sarar, te colocar lá pra cima, mas como qualquer paciente, assim que recebe alta, larga totalmente o hospital; serei eu um band-aid? Um daqueles de recuperação, que quando não serve mais, é deixado de mão.

Eu sou a amiga mais legal, mas aquela que é facilmente esquecida, ou substituída; sou a amiga mais gentil, mas quando precisa de abrigo, é tão sozinha quanto as ruas frias em abril. Não, eu não sou aquela que todos escolhem, mas que todos esquecem... Como um objeto qualquer... Eu me acho tão...insuficiente; insuficiente a ponto de ninguém ficar, ou lutar por mim, mas nem eu mesma lutaria, afinal objetos são facilmente substituídos, não? Me sinto transfigurada, tendo que aguentar todos os descartes; nem sei mais o que eu sou.

Me perdi nas feridas que tive que curar.

— com amor, seu band-aid.

Natália Reis de Assis
Enviado por Natália Reis de Assis em 12/04/2020
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