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5. Insuficiência.

Não há palavras suficientes.

Não consigo parar de checar o celular... Não espero uma mensagem sua ou uma ligação perdida, talvez só seja mania de querer que alguém permaneça em minha, insuficiência. Monotonia. Minha visão está embaçada desde que meu eu partiu contigo, mas quem era você? Quem foi você que eu sempre esperei, mas nunca chegou?

Não consigo parar, minha mente martela como um ferreiro em seu pedaço de metal... Tudo de mim está em pedaços, e meu pedaço de carne recheado de engrenagens, continua a ranger, como se estivesse enferrujado. Já não sou o suficiente para você, nem para mim. Está amanhecendo de novo, e eu simplesmente não consigo apagar... As memórias, as histórias, por que c.r.lhos, ninguém nunca está determinado a ficar? Sempre fui só eu! Por entre passageiros... Sou como um terminal, em estado terminal, usado constantemente por pernas cansadas, almas fadigadas, que tem passagem de ida, e nunca passagem para voltar; então me pergunto quando EU decidi me fixar... Nesse ciclo vicioso sem fim... Sem mim... A sós. Meu rosto não é o mesmo, meu corpo só sente desgosto, não entendo por que me mutilo tanto com esses pensamentos, senão eu, que mais eu deveria ser? Transfigurada estou.

Meus pulmões estão cansados embora, meus olhos ainda queiram ver... Cada detalhe, cada impasse, do mundo, de você. Eu não sou mais a mesma, e talvez eu nem queira mais ser. Partidas são necessárias, e eu não ficarei mais ancorada, na enseada, esperando alguém para navegar. Eu fui feita para o mar. Não sei até onde minha insuficiência vai me levar, mas minhas lágrimas criaram meu próprio oceano, e eu sou um barquinho velejando. Com o vento, para bem longe daqui...

Incompleta, uma marinheira que se perdeu por não se achar o bastante.

Natália Reis de Assis
Enviado por Natália Reis de Assis em 30/03/2020
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