O Coração do Meu Coração
O coração do meu coração parou de bater,
inevitável desarraigá-lo do meu peito.
O hospedeiro havia fugido
cansado de ouvir versos livres.
Comecei a tirar das paredes as lembranças,
de um passado sem porta retratos no canto.
Joguei porta afora os pensamento obscenos
e todas as roupas picantes do armário.
Lancei fora todos seus pertences,
muito embora só no imaginário.
Mas o ar tinha seu cheiro impregnado,
prova que ali ele tinha morado!
O coração do meu coração parou de bater,
coloquei-o cremado numa caixa de perfume
por ele a tanto presenteada.
Nesses casos, é melhor desistir de bater,
ao menos na presença da alma.
Mesmo sabendo que ali morava,
deu-me um tiro certeiro no peito.
O coração do meu coração?
Morreu.
Enquanto o meu ofegante ainda é dele.