É PECADO NÃO SABER?
Todos dizem, vá para a escola! Vá aprender! Mas aprender o quê? Para quê? Por quê? E por quem? Todos dizem tenha uma profissão! Ganhe muito dinheiro, seja rico, tenha sucesso, seja famoso. Este é o desfile final da modernidade que se despede. Mas qual será seu sinal de fracasso e quem já viu sua insígnia na lama? Este é um breve texto, um questionamento sobre educação, escrito para ser uma carta direcionada principalmente aos educandos... E um educador tem o dever não por acinte, mas por desideração do conhecimento posto em movimento, isto é: a troca dialógica! De ser sempre um aprendiz, um educando. Assim este texto é também para educadores.
Em minha vida aprendi que existem professores corujas que criam alunos ratos, e professores águias que criam filhotes de leopardos. Há sim os espeleólogos e os alpinistas, mas não se enganem ninguém subirá a montanha, as grimpas de sua constituição sem antes descer ao calabouço do doente.
A escola não está preparada para o erro, ela só premia o padrão de reprodutividade técnica, chamado decoreba, é só uma questão de joguete mental, e aptidão mnemônica, nada mais do que guardar na velha memória, coisas que somos obrigados e que com o tempo não vão servir para nada. Então as esquecemos. Talvez não acabe este breve texto de forma grandiloquente. Mas uma coisa ao menos quero dizer: é pecado não saber?
Por que não podemos simplesmente na parcimônia dos sorrisos, empreender a jornada que leva ao firmamento das hipóteses que podem choramingar em dúvidas que de fato assolaram o coração, até que num fim sempre inesperado e que é sempre um começo, encontramos a resposta. Se a vida exige tanto assim de nós, não podemos ser uma poça d’água rasa que seca ao Sol restando só a lama, como bem observou um autor que tanto admiro, ao contrário disso devemos ser um lago profundo, que antes contempla a imagem do que fora, e voltará a ser; a montanha mágica.
E então é pecado não saber?
Leonardo Daniel
Agosto de 2010