Uma despedida virtual

Querido Kam,

Estou escrevendo seu apelido publicamente, para se caso algum dia encontre isso, possa dar aquele seu famoso risinho e me chamar de boba. Escrevendo ou não o apelido, você saberia que era pra ti, então não vou desperdiçar meu tempo.

Eu escrevo essas cartas desde sempre. Muito antes de "Para todos garotos que já amei" ser um livros os mais vendidos nas livrarias. Ele era só conhecido nos EUA quando li pela primeira vez com meus 13 anos. E, como Lara Jean, eu me despedia dos meus amores platônicos. Todos os outros desde meus 13 tinham cartas dessas, não acho que com você seria diferente.

Eu sinceramente não sei como consegui chegar nessa intensidade toda. De acordar e dormir pensando na sua pessoa. De ficar devagando sobre as coisas que me fala, em momentos aleatórios. Às vezes me pego mastigando o sucrilios e pensando se você já reparou o barulho legal que isso tem. Todo dia de manhã quando eu acordo, eu repito mentalmente "ele não mandou nada, ele não mandou nada..." pra que a decepção não seja tanta quando abrir as notificações e só tiver mensagem de grupo.

Eu não sei como chegou nessa intensidade. Mas meu cérebro desistiu de todas as outras coisas do universo. Ele só pensa em você, ele só quer saber de você, ele insiste em colocar você em tudo. Eu sei, isso é loucura, combina com a minha pessoa.

Quer saber o que é mais louco? Eu passo o dia todo nessa indagação sobre as suas coisas ou sobre o que está fazendo. E, quando falo com você por escrito, parece tudo tão diferente. Não sei explicar, você parece ser outra pessoa digitando. As coisas que você escreve parecem mais intensas e profundas.

Porém, quando eu te vejo pessoalmente toda aquela imagem que eu tinha se quebra. E, quando falamos com nossos amigos por ligação parece tão seco. Tão normal. Como era antes de termos essa relação complexa, como costuma dizer. Você parece como todos os outros. Como um zé da praça que apareceu na ligação.

Eu idealizei uma figura sua. O Kam que eu criei na cabeça não existe. Ele só se passa de mensagens e um pouco de atenção gratuíta. É frustrante pensar isso. Você era só o cara que estudou comigo, que eu li e entendi em três semanas. Só ele. Nada mais. Não era diferente como a minha cabeça acreditava ser.

E, o mais triste disso tudo é que, eu acho que deve ser o Kam para as outras duas garotas que conversa também. O meu Kam. Você deve agir do mesmo modo, usar as mesmas gírias e talves até diga coisas parecidas. Isso me dá náuseas. Eu só sou mais uma.

Você não deve ter ideia do que seja se sentir como mais um, pra alguém que você passa o dia todo preocupada, que espera as mensagens e que deseja com todo coração que fique bem. Eu gasto toda a minha força psicologica e emocional para querer te ajudar e te ver bem, e eu sou outra qualquer na sua lista de contatos.

Kam, eu não sei como conseguiu me fazer sentir tanto afeto por você. Eu realmente não me importo, pode quebrar meu coração quantas vezes você quiser. Pode ficar com a garota que for. Fazer qualquer loucura. Eu não me importo. Eu só quero profundamente que seja feliz. E, o tamanho desse sentimento doido que sinto por você, é tão significativo, que independente de com quem esteja ou o que esteja fazendo, eu vou ficar em paz se tiver também. Talvez isso seja o verdadeiro amor ou talvez seja loucura minha.

Eu queria me despedir do Kam. Do cara legal que me ouviu surtar por esses tempos. Do cozinheiro e surfista que se tiver com o mar alto ou baixo tanto faz. Eu realmente acho que faz sentido eu mudar o nome do seu contato e no meu coração. Então é isso que farei.

Boa noite e sonhe comigo,

Estrelinha