Por ARAGÓN GUERRERO - In memorian

||Saudades do espanhol mais brasileiro que eu conheci.

Sua falta é sentida aqui, não é de hoje que sei que partistes fazer morada em outro plano,

e desde então eu não queria dizer, talvez me omitir da ausência tua e do quanto fazes falta (para tantos) e muito, muito mesmo para mim...

Num tempo desses o quanto faríamos de trocas, e palavras, e críticas, ah, as tuas criticas, (as tuas críticas para mim eram as maiores e as melhores). Ahhhh espanhol querido, que falta, que falta fazes!

Eu tinha te prometido não brigar, não descer o nível, (e jamais escrever palavrões), se tu me tivesse lido por esses tempos obscuros já terias me puxado a orelha, (e sabes que podias puxar), e terias me dito, Angel, não poste palavrões, não desça o nível, tu não precisas disto. (Risos), e com teu jeito firme e carinhoso me dizias o que eu precisava ouvir, e então eu te respeitava demais para contradizer, era uma critica amorosa, cuidadosa, era crescimento... Ok, vou lá apagar, e agora eu dizia. Quem poderá me corrigir dos meus escorregões? E quem mais poderá desfilar pelas minhas letras com olhar amoroso e ao mesmo tempo critico para dizer. Que orgulho de te ler.

Meu querido amigo, por aqui não vivemos tempos fáceis, não vivemos tempos fáceis.

A tua Andaluzia hoje chora e com ela o Golfo de Cádiz, há um cheiro estranho no ar, algo que se despeja por cada canto de lá e do mundo, a tua Espanha querida vive um momento doloroso e hoje lá tantos choram, e em muitos países há um rastro de dor, e em breve na tua segunda Pátria, o nosso Brasil também haverá, as expectativas no Brasil não são as melhores, e a nossa gente meu Deus, como são incrédulos, minimizam a verdade e cometem imprudências, deixam-se arrastar por um Kit Gay fake, mas desaceitam da verdade explicita diante do nariz, negligenciam os avisos e as recomendações, ah meu amigo, no Brasil é um valha-me Deus, eles esquecem até mesmo das lições bíblicas que tanto citam, nem Noé foi tão imprudente e tratou de construir a sua barca quando o grande dilúvio, segundo a bíblia se anunciava, pois é, e nem adianta o mundo mostrar os fatos no meio das suas caras, ainda assim a grande maioria duvida e segue para sua praia, para suas festas, para suas reuniões, o brasileiro é essa festa e o ano inteiro pensa que é carnaval, meu Deus, e eu sei o quanto isso te afetaria...

Querido e estimado amigo, eu espero e desejo que onde tu estejas seja povoado de amarelos, muita luz e margaridas em campos sem fim, que hajam rios, montanhas, planaltos e até oceanos, e sobretudo meu amigo, que haja paz, muita paz...

Por aqui seguimos prisioneiros dentro deste tempo (agora em quarentena), e eu sei que isso te afetaria, porque tu adoravas os espaços amplos, onde tu gostava de soltar as rédeas do pensamento correndo livre, para a tua filosofia, para as tuas músicas, a liberdade era a tua vida...

Aragón querido, caberiam tantas outras coisas para dizer-te, nessa nossa liberdade de dizer-nos que sempre tivemos, (E com todo respeito à esposa e filhos), mas dizer mais o quê? Tu partiste antes do combinado. Partiste ao meio tuas crônicas, tuas poesias, e o teu sonho de viver próximo à natureza, ao mar, ao campo, a paz que tanto sonhou. A vontade minha é contestar essa vontade divina, mas o que se há de fazer se todos nós um dia teremos o mesmo destino? Então precisamos aceitar essa hora, e enquanto isso vamos conversando com uma poesia e outra, vamos enganando a saudade que sentimos das pessoas que partiram e são especiais, e eu ainda faço parte desta grande matéria que aguarda por aqui este dia, essa hora e esse mesmo destino, mas meu bom amigo, espera-me por ai, temos tantas prosas para prosear (ainda que seja em campo celestial), e não é porque tu fostes que não podes me escutar desde já. Por aqui a nação continua fazendo o seu papelão, cada dia um vexame diante do mundo, que já é impossível contabilizar. Já privatizaram tudo, quem sabe privatizem até o modo de amar. Oxalá, como saber o que mais ainda vira?

Vamos seguindo, prometo não te esquecer (como não esqueci)... Quero te agradecer por todo carinho, pelas palavras que sempre dispensou para minhas rasas letras. Quero te dizer que sinto muito, muito mesmo a tua falta, e agora mais do que nunca o quão seria necessário você por aqui, quero te dizer que foi uma honra que as tuas letras tenham encontrado a minha e foi um prazer, um prazer ter escrito e recebido palavras de um homem tão íntegro, tão querido e especial feito você.

Descansa ai, daqui ainda seguirei com uma coisa ou letra, (e prometo-te, serei mais cautelosa entre escrever e brigar).

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Vês meu querido amigo

Como vês, não te esqueci

O convívio é alimento

É o ponto de equilíbrio

Mas amigo

Quem disse

Que precisa estar presente para não esquecer?

Talvez digam que todos os umbigos são iguais,

Mas não, e te digo

A mão tateia

Atravessa os escuros

Chega além dos umbrais

Cala a fala

Fecha a gaveta

Morto cala?

Não meu amigo

Ainda que boca não tenha

Um bem querer se diz pra sempre

Até nunca, jamais nunca mais...

Nos veremos um dia

bjo

Com uma imensa saudade deste saudoso e tão querido amigo

ARAGÓN GUERRERO – Um poeta, um amigo que aprendi a admirar e que sinto imensa falta, imensa saudade mesmo...

Serpente Angel
Enviado por Serpente Angel em 19/03/2020
Reeditado em 19/03/2020
Código do texto: T6891914
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