Sem titulo 01
Você está em dezembro, todas as pessoas estão anciosas pelas festas de fim de ano. Encontar pessoas, se afastar de tantas outras, ver a familia, comemorar. As pessoas ficam mais esperançosas e fraternas ou pelo menos é o que todos gostam de pensar. Eu sou o tipo de pessoa entediada que acha tudo isso uma grande bobagem, tudo isso é uma grande desculpa para gastar, gastar e gastar mais ainda. Ver todos esses sorrisos, feitos por pixels em um retangulo luminoso, da uma certa depressão, faz você pensar sobre como sua vida é uma droga, a vida dos outros é bem melhor, é bem mais memorável, a vida dos outros está cheia de fogos de artificio, de viagens a paises da europa, de comidas exoticas que custam mais que o meu salario de uma semana. Tudo isso esta lá, como em uma vitrine, é um frango assado que gira e gira no espeto atrás de um vidro gorduroso, eu sou o cão sarnento que observa, e baba, não que esse seja o meu objetivo de vida, mas ver isso tudo, te dá uma leve sensação de que aquilo que é a forma correta de se viver, é o estilo de vida ideal. O mercado tenta te convenser de que você precisa das baboseiras deles, eles jogam na tua cara o quanto aquele monte de lixo é importante, mesmo não sendo, eles simplesmente criam uma necessidade que não existe. Eu não preciso de uma calça rasgada de 1.000,00 dinheiros, a minha calça de 79,99 dinheiros cumpre muito bem a sua função. Cara da internet também não precisa, mas ele precisa esfregar na tua cara, que não é uma questão de necessidade, a questão é que ele pode ter, e você não.
Você está na rua street, você anda pela calçada, carros passam em velocidade limite, o dia hoje está quente, é o dia perfeito para uma viagem, mas a viagem que eu quero fazer, é uma viagem sem volta. Vou me encontar com Marcia, marcamos de tomar um suco, na lanchonete Snack Bar. Marcia disse que lá tem sucos de todos os sabores inimaginaveis. O grande objetivo de Marcia, é tomar todos os sucos do cardapio. Ela conheceu esse lugar idiota a uns três meses, e agora isso é algo importante para ela. Conheci Marcia em um forum na internet que reunia pessoas depressivas, é uma especie de grupo de ajuda para pessoas esquisitas como eu. Marcia também é bem estranha, ela me contou que seu tio abusou dela quando ela tinha 15 anos. Ninguém mais sabe disso, foi uma das confidencias que trocamos por e-mail. Ela me disse isso quando contei a ela que eu tinha sido abusado por uma tia minha. Marcia me perguntou se eu tinha gostado daquilo, na cabeça dela os homens são menos sensiveis a esse tipo de abuso quando vindos de uma mulher, eu tentei convense-la de que aquilo não foi legal, mas ela como todo mundo que escuta que um homem foi estuprado por uma mulher, acha que isso não tem impacto, mas tem, eu era só um menino, só que ninguém se importa com isso. Minha atinga terapeuta, disse que isso é um dos grandes motivos pelo qual eu desenvolvi ninfomania, que é outra coisa que todo mundo vê como normal em um homem.
Eu nunca vi Marcia pessoalmente, hoje é a primeira vez que vou vê-la, em todos esses quatro anos, mesmo morando na mesma cidade, ela nunca pediu por um encontro que seja, eu também nunca propus nada, tive medo dela achar que eu era algum tipo de tarado, mas agora ela simplesmente decidiu que precisamos nos vera. Era quatro horas da manhã, quando Marcia me ligou dizendo que precisava me ver, ela perguntou se eu era gay, pelo fato de nunca ter flertado com ela, eu disse que não era bom com esse tipo de coisa. Eu nunca tive uma namorada, e para falar a verdade, eu nunca quis uma. Moro sozinho já tem alguns anos, e está tudo bem para mim viver sozinho, meus pais sempre viveram em pé de guerra, até o dia em que ele decidiu que não queria mais viver com a gente. Problema dele não era apenas com a minha mãe, era comigo também, ele me odiava, eu nunca fui o tipo de menino que gosta de coisas de menino, eu preferia ficar em casa, ajudando minha mãe nas tarefas de casa, eu bordava com ela, eu desenhava, nunca gostei de futeboll, a unica coisa que eu e meu pai faziamos juntos era jogar video game, o resto era eu e minha mãe. Meu Pai uma vez me chamou de "bichinha", quando um garoto do colegio me acertou com um soco bem no nariz, meu pai me disse que eu tinha que ter revidado, mas eu não conseguia fazer aquilo, aquele não era o meu jeito. Quando meu Pai foi embora, ele disse que eu era um bom rapaz, que eu tinha um futuro brilhante pela frente, ele não podia estar mais errado. Marcia me perguntava porque eu não tinha uma namorada, porque eu gastava todo meu dinheiro com prostitutas. Eu nunca fui bom as mulheres, elas sempre me deixavam nervoso, mas com Marcia era diferente, talvez pelo fato de nos falarmos pela internet, é um ambiente controlado, mais fácil de lidar. Marcia estava ofegante quando me ligou, ela disse que precisavamos nos ver de qualquer maneira, ela não me disse porque, apenas marcou o lugar, e disse que eu tinha que estara ás 16hrs