21 de fevereiro de 2020, 1h20.
Sabe,
Sinto-me como uma esponja.
Tenho a tendência de absorver as dores e problemas do mundo.
Sinto a dor do outro como se fora a minha e também padeço.
Ainda não aprendi a bloquear, com eficiência, o que ocorre ao redor e me afeta, me incomoda, me consome e me torna mais impotente do julgo ser, do que quero ser.
Talvez, é provável, que me importe demais com o quê e/ou quem não deveria.
E me envolvo, me compadeço, tento ajudar, acalmar, acalentar, apoiar...
Mas há consequências que me sobram e seu resgate é penoso, danoso, às vezes perverso.
Sempre fui assim.
Estou na metade da vida e não parece haver perspectivas de alterações.
Há relatos de criaturas dotadas de acolher o sentimento do mundo que tiveram um fim trágico.
Às vezes "temo" pelo meu. Não que haja medo do final. Penso ser pior o processo.
Quem sente demais, ama demais, sofre demais, pena mais, padece mais, chora e sangra mais, sara menos ou não sara.
É onde estou!
Remédio é paliativo pra câncer terminal.
Engodo, frases feitas de motivação.
Consolos criados para definir, com precisão, os que têm dos que nunca terão.
Dor do outro.
Dor dos animais.
Dor das plantas,
Da água e do ar.
Dor de queimar o fogo.
Dor de sangrar o peito varado.
Dor de ser e querer merecer.
Fábio Barbosa.