Por amor

Sinto saudade dos teus olhos castanhos brilhando pra mim. Do frio na barriga que eu sentia sempre ao sair com você. Dos teus lábios macios acariciando os meus no escuro no cinema. Do teu abraço reconfortante depois de um dia ruim. Da tua risada esganiçada que fazia meu coração bater mais forte, mesmo que eu não soubesse o motivo dela. Sinto saudade de ficar cheirando teu pijama pra me sentir perto de você enquanto você não chegava em casa. Sinto falta do sexo no sofá, no chão, ou em qualquer outro lugar que quiséssemos. Dos nossos abraços na rede enquanto víamos algum filme meloso e reflexivo, e naquela época eu não chorava assistindo.

E logo eu que sempre me vi vivendo o momento me pego preterindo lembranças mortas. Uma alegria etérea que cresce e logo morre nos rios do crônico vazio. A verdade é que você ainda está aqui, mas nós já não estamos. Nós ficamos no passado e eu queria voltar o tempo para onde o “nós” existisse. Mas eu não consigo. Não sei o que houve com a gente, mas eu não aceito. Mas não é algo que eu precise aceitar.

Eu te amo como sempre te amei. Mas aprendi que o amor nem tudo sofre, nem tudo crê, nem tudo espera, nem tudo suporta. Por amor estou aqui, por amor estarei aqui. Mas estou despedaçado. Não sei quanto tempo suportarei. Mas enquanto suportar estarei aqui, por amor.

Mesmo no final eu estarei aqui.