Repetições
Choveu o dia todo. Estive deitada em todo ele. Sentia frio, agora anseio a brisa, esperando que me alivie o desconforto da repetição do cenário da lembrança.
Olhei pela janela: restam alguns pingos. Na serenata que me fazem fui envolta, e acabei em outra realidade: a casa é amarela e o chão de cera. Tenho alguma idade, que não me recordo. Lado direito: uma mesa com uma velha TV ligada em uma edição antiga de um reality. Lado esquerdo: o velho banco de madeira, acima do qual descansam imagens emolduradas das quais não me recordo.
A chuva caía forte. Eu, longe de casa, embora três ruas a frente. Só tinha o cobertor e a frágil esperança de que cada carro que passasse rompendo o delicado véu do silêncio não trouxesse a notícia de que havia partido. Agora seria Estrela.