Carta ao meu carteiro II

Cartas ao meu carteiro.

Iniciado no dia 09 de julho de 2008 às 11h06min.

Para Josemar, meu carteiro.

Senhor carteiro,

Não imagina a felicidade que desperta em mim ao vê-lo. Como é bom receber cartas, mesmo as que são de cobrança, pois elas nos fazem crê que de alguma forma existimos. Nesse mundo onde as pessoas já não se comunicam umas com as outras, quando falam é sobre coisas banais, tratam tão-somente de negócios ou falam da vida alheia. Sempre será bom receber uma carta.

Enquanto não abrimos uma carta não sabemos do que se trata. Mas as cartas recebidas pelo senhor parecem ganhar magia, encanto, uma espécie de segredo que, creio só o senhor sabe. Por mais que as cartas sejam tristes ou cheias de alegria o senhor sempre as entrega com um sorriso no rosto, com um jeito feliz de olhar à vida, com um comentário sobre a beleza do dia ou da chuva que caiu no dia anterior, seja o que for o senhor não somente entrega cartas, parece ser daquelas pessoas escolhidas por uma força suprema para aliviar a apreensão que as cartas sempre causam quando do seu recebimento.

Como é maravilhoso morar num lugar simples onde o carteiro bate à porta da nossa casa, com um sorriso no rosto, sorriso que talvez ainda não tenhamos recebido naquele dia, para entregar as nossas correspondências. O senhor conhece todos os destinatários das cartas, mas nunca os remetentes. Já me trouxe cartas de pessoas importantes, no entanto, mais importante do que essas pessoas para o senhor sou eu. E isso me deixa toda orgulhosa!

Dizem que as pessoas que fazem o que amam são felizes. E eu penso: será o meu carteiro feliz? Não sei. Espero que sim. A felicidade é algo tão difícil nos dias atuais. Considero-a como um tesouro. Mas seja o senhor feliz ou não na sua vida, isso não me diz respeito. É uma particularidade sua. Para mim, o que fica é a lembrança do seu sorriso, das suas poucas palavras em saber se a minha família está bem, como vão meus estudos, como estou, enfim perguntas que parecem simples, mas que nos confortam a alma. É só parar e pensar: quantas pessoas nos fazem essas perguntas? E o que é mais importante: quantas sabem em poucas palavras falar coisas belas, que nos confortam de um jeito ou de outro.

Obrigada, meu carteiro pelas cartas, pelos conselhos, pelo zelo e cuidado com a minha alma, meu corpo e as minhas cartas.

Rosângela Trajano.