CARTA DE UM SOLDADO NA GUERRA À SUA MÃE
POR JOEL MARINHO
Eu a saúdo com um beijo de saudades!
Mãe, quanta falta me faz aquela sopa quente, aquele mingau de aveia que a senhora fazia para mim antes de eu dormir, aqui no meio desse inferno com esse cheiro de pólvora e corpos se decompondo fecho os olhos e sinto o cheiro de sua sopa, sobretudo do seu carinho e amor para comigo.
Ó, mãe! Que inferno foi esse que me meti? E para quê tudo isso?
Semana passada o meu pelotão entrou em confronto com o pelotão inimigo, sem saber o porquê matamos todos aqueles jovens soldados e cinco dos nossos também morreram. As bombas inimigas caiam, assim como as nossas bombas os cobriam de poeira, lama e sangue com pedaços de gente explodindo pelo ar.
Aqui não sabemos de nenhuma notícia aí do nosso país, estamos destruindo o país dos outros e nem sabemos por que tudo isso, matamos e morremos sem nenhuma causa aparente, somente em nome da pátria e dos nossos generais.
Ah mãe, estou escrevendo agora ao som de bombas, os inimigos estão chegando. Encontrei esse pedaço de papel e um lápis do amigo meu que morreu há dois dias e está aqui ao meu lado. Talvez esse seja o último registro que deixo, o inferno está chegando, tenho que parar de escrever.
Caso encontre esse escrito saiba que te amo demais, mãe! Amo o papai também e meu irmão Cristian.
Mãe, não deixe que meu irmão siga a vida que eu segui que ele lute pela vida, mas jamais pela ignorância dos homens.
Se Deus realmente existe penso que nos esqueceu, isso aqui é um verdadeiro inferno!
Mãe.....
 
PS: Três meses depois a guerra acabou e essa carta foi encontrada nas mãos de um cadáver em estado de decomposição sem nome e enterrado sem nenhum registro, a não ser sua carta anônima e o nome de seu irmão Cristian.