Natal-RN, 15 de dezembro de 2016.

Carta a uma professora de Filosofia para crianças.

Querida Odenilda,

Como está? Fiquei muito feliz em saber que ensina filosofia para crianças com meus textos! Soube, também, que é uma encantadora professora assim como são as fadas madrinhas dos contos de fadas! Isso me deixou mais feliz, ainda!
Ser professor não é tarefa fácil. Exige qualidades além do que é ensinado na faculdade, exige amor. Amor ao próximo. Amor ao que se faz. E parece-me que amor lhe sobra dentro da alma. Como é bom encontrar pessoas de verdade iguais à senhora, chamo pessoas de verdade as que ainda se preocupam umas com as outras e que têm o coração cheio de amor e bondade. A vida me ensinou desde cedo a amar uma pequena árvore, era um cajueiro, meu melhor amigo. E quando temos apenas um cajueiro como amigo valorizamos muito a amizade. Tudo o que eu tive na vida sempre foi pequeno ou pouco, nada em exagero, aliás, o único exagero do meu eu está no grande amor pelas crianças. Tenho medo dos humanos. Os humanos me causam desassossego todas às vezes que procuro me aproximar deles. Não são como as crianças que sabem sorrir da dor e imaginar um mundo melhor mesmo quando tudo está dando errado. Eu amo as crianças, mas também aprendi a amar pessoas iguais à senhora cheias de encantamento e maravilhas que vêm a Terra para plantarem felicidade.
Professora Odenilda, não a conheço, ainda. Não vi o seu sorriso que deve ser belo por demais. Quem sabe um dia nos encontremos nesse Brasil imenso de mar e montanhas. No entanto, quando um aluno chega a dizer que o seu amor parece o de uma mãe é porque o seu eu foge a todas as regras impostas pela sociedade e chega até os corações dos pequeninos alunos como um carinho e afeto doado por um bem querer maior do que o sistema solar. Eu amo as estrelas e acredito que a senhora é uma delas. Uma estrela cadente que veio brilhar na sala de aula de Itabuna-BA. Como é bom saber que ainda existem professores encantadores! Chego a encher os olhos de lágrimas ao procurar vê-la dando aula. Encontrou em mim uma boa amiga. Temos algo em comum: amamos crianças. E amar crianças é ir ser feliz diante do pequeno menino Jesus.
Nesta minha singela carta que ora escrevo cheia de pressa porque o tempo corrompe as minhas ideias, quero deixar-lhe meus mais sinceros votos de um feliz natal e próspero ano novo. Fique com a bênção de Deus e continue sendo essa professora de encantos que ensina com amor a arte de filosofar. Quem planta amor tende a colher mais amor. Escreva-me sempre que puder. Gosto de receber cartas. Faz anos que não recebo uma. O meu carteiro disse outro dia que as pessoas esqueceram de como se escreve uma carta. Eu não me esqueci. Estou aqui. Escrevendo-lhe com os meus mais sinceros sentimentos.
Fico por aqui. Que Deus a proteja sempre. Seja muito feliz com os seus alunos e a sua família. Ame cada vez mais a filosofia. E saiba que filosofar é sair da escuridão em que tentam nos colocar todos os dias e ir ser criança diante da dúvida, perguntar, eis a questão.
Abraços,
 
Rosângela Trajano.