Carta aberta para Angélica
Oi, Angélica,
Sei que estou sumida, mas estou bem. Vou dizer algumas coisas que talvez você não goste, mas acho importante.
Durante todo o processo da minha transição capilar, que é bem longo e complicado, nunca tive uma única palavra de apoio, de incentivo, de dicas de como manter ou cuidar do meu cabelo natural. Somente recebi comentários de que eu não iria aguentar usar o meu cabelo “assim”, que tinha volume demais, etc. Acredito que uma boa cabeleireira deveria estar preparada para lidar com diversos tipos de cabelos, inclusive os afros.
Da última vez que estive no salão, ainda não tinha cortado o cabelo e ele estava cacheado na raiz e liso no comprimento, estava me sentindo mal com a minha aparência e nem queria sair de casa, por isso fiz questão de ir escovar o cabelo. Fui recebida no salão com uma risada e um comentário “Tomou chuva?”, na frente das outras clientes, que olharam para mim. Para você, foi só uma brincadeira, mas eu me senti ridicularizada.
Não preciso de um pedido de desculpas nem nada do tipo, vários meses se passaram e eu segui em frente e nunca me arrependi da minha decisão, só acho importante colocar essas questões como reflexão para que não aconteça com outras clientes no futuro.