a liberdade contraditória

sentada no meio da sala

sem mala ou mochila

solta em mim

andei pensando, na real,

divagando e contestando

que eu estava com um branco tipo

breu para escrever e que a

minha inspiração expirou-se

tipo espirro ou lágrimas.

ainda sentada no meio de mim

para para analisar o meu branco

poético, será que ele nasceu

da minha sobra de agonia ou

da insistência da vida em me

ensinar como se brinca!?

ainda perdida pela casa,

sigo procurando meus versos

seja nos móveis ou na geladeira,

remexo o armário ou a cômoda

atrás daquelas estrofes que idealizei

e não anotei.

ainda sentada nas minhas consequências

ardilosas, bem no meio do coral

da minha cama e janela está aberta,

olho para fora tentando

não mirar na parede terrosa, eu estou agora olhando o céu

será que o branco que eu continuo hoje é

a falta de um café preto!?

ou é a minha desordem natural que chove

feito leite derramado!?

ainda inerte em toda questão confundida de paz interior, estou a refletir, agora no

espelho sujo e respingado de rotina,

posicionada buscando nas profundezas

imaginárias algo que quebre a falta de

parto poético.

ainda em um branco que parece fenda ou breu,

eu corro para as obrigações diárias que

fincam a adaga da sociedade contemporânea

que produzir é melhor que existir,

desisto de me achar por meio das observações

e fecho o meu caderno, me deixando no breu nada poético.

Alipia Mttss
Enviado por Alipia Mttss em 16/12/2019
Código do texto: T6820348
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