a liberdade contraditória
sentada no meio da sala
sem mala ou mochila
solta em mim
andei pensando, na real,
divagando e contestando
que eu estava com um branco tipo
breu para escrever e que a
minha inspiração expirou-se
tipo espirro ou lágrimas.
ainda sentada no meio de mim
para para analisar o meu branco
poético, será que ele nasceu
da minha sobra de agonia ou
da insistência da vida em me
ensinar como se brinca!?
ainda perdida pela casa,
sigo procurando meus versos
seja nos móveis ou na geladeira,
remexo o armário ou a cômoda
atrás daquelas estrofes que idealizei
e não anotei.
ainda sentada nas minhas consequências
ardilosas, bem no meio do coral
da minha cama e janela está aberta,
olho para fora tentando
não mirar na parede terrosa, eu estou agora olhando o céu
será que o branco que eu continuo hoje é
a falta de um café preto!?
ou é a minha desordem natural que chove
feito leite derramado!?
ainda inerte em toda questão confundida de paz interior, estou a refletir, agora no
espelho sujo e respingado de rotina,
posicionada buscando nas profundezas
imaginárias algo que quebre a falta de
parto poético.
ainda em um branco que parece fenda ou breu,
eu corro para as obrigações diárias que
fincam a adaga da sociedade contemporânea
que produzir é melhor que existir,
desisto de me achar por meio das observações
e fecho o meu caderno, me deixando no breu nada poético.