Carta sobre Sandra Cavalcanti
CARTA SOBRE SANDRA CAVALCANTI
Miguel Carqueija
Carta publicada no jornal “Última Hora”, do Rio de Janeiro, em 2 de setembro de 1982, durante a campanha eleitoral que incluía o governo estadual. Na ocasião havia grande possibilidade para que Sandra Cavalcanti, candidata dos católicos, vencesse. Infelizmente ela foi derrubada pelas pesquisas eleitorais (uma fórmula para derrubar candidatos na eleição é primeiro derrubar nas pesquisas, que possuem poder indutivo e deveriam ser proibidas pelo seu aspecto anti-democrático) e por um casuísmo do Governo Federal (Figueiredo), que obrigou naquele ano ao voto vinculado, ou seja, tivemos de votar no mesmo partido para deputados e governadores. E isso derrubou Sandra, levando ao desastroso governo de Leonel Brizola. E foi bem feito para muitos eleitores infiéis, que, motivados pela queda de Sandra nas pesquisas, trocaram seus votos para o Moreira Franco (indigno de ser eleito) para impedir a vitória de Brizola. Este comportamento, até de eleitores católicos (até de um padre meu amigo) deixou-me indignado e nesse ano eu enxerguei claramente o efeito deletério das pesquisas eleitorais e desde essa época as combato. Mas vamos ao teor da carta, saído na página 2 do jornal, a mesma página onde Sandra mantinha uma coluna brilhante (é excelente escritora, autora de vários livros como “Política nossa de cada dia”) e nesse dia seu artigo intitulou-se “Baixada Fluminense, reconquista de uma tradição”:
“Poucas pessoas nos dias atuais possuem o condão de empolgar pela grandeza de sua mensagem e ação. Uma delas é Sandra Cavancanti, esta sim, autêntica e garbosa representante da afirmação feminina!
Dela se pode afirmar o que diziam de José de Alencar, isto é, que Sandra não precisa assinar seus artigos para ser reconhecida. O estilo é a mulher. Em UH ela escreve diariamente e seus artigos são candentes, objetivos, implacáveis na lógica, perfeitos na construção, plenos de estilo pessoal, personalíssimos, com frequente utilização da grifagem dos trechos mais importantes, ou onde a autora coloca mais ênfase.
Seu ecletismo é evidente na vasta gama de assuntos por ela tratados. Urge que os estadistas não sejam apenas políticos e burocratas mas também, na medida do possível, líderes espirituais. Na terrível crise que o mundo moderno atravessa, os prefeitos, governadores, presidentes etc. Precisam entender que o princípio da autoridade vem de Deus, que Deus é o primeiro a ser servido. Assim o compreendeu o Presidente Figueiredo, ao pedir à nação uma cruzada contra a imoralidade. Antes já tivéramos o nobre exemplo do heroico Sadat. E agora vemos Sandra, candidata a governadora do Rio de Janeiro.
Saibam todos que Sandra é líder católica, irmã de Madre Maria Helena (superiora do oásis de paz que é a Congregação das Irmãs de Belém em Jacarepaguá), amiga de Dom Marcos Barbosa e possuidora de grande prestígio nos meios católicos. Católica, aliás sem adjetivos, Sandra trará Deus para o Palácio Guanabara."
CARTA SOBRE SANDRA CAVALCANTI
Miguel Carqueija
Carta publicada no jornal “Última Hora”, do Rio de Janeiro, em 2 de setembro de 1982, durante a campanha eleitoral que incluía o governo estadual. Na ocasião havia grande possibilidade para que Sandra Cavalcanti, candidata dos católicos, vencesse. Infelizmente ela foi derrubada pelas pesquisas eleitorais (uma fórmula para derrubar candidatos na eleição é primeiro derrubar nas pesquisas, que possuem poder indutivo e deveriam ser proibidas pelo seu aspecto anti-democrático) e por um casuísmo do Governo Federal (Figueiredo), que obrigou naquele ano ao voto vinculado, ou seja, tivemos de votar no mesmo partido para deputados e governadores. E isso derrubou Sandra, levando ao desastroso governo de Leonel Brizola. E foi bem feito para muitos eleitores infiéis, que, motivados pela queda de Sandra nas pesquisas, trocaram seus votos para o Moreira Franco (indigno de ser eleito) para impedir a vitória de Brizola. Este comportamento, até de eleitores católicos (até de um padre meu amigo) deixou-me indignado e nesse ano eu enxerguei claramente o efeito deletério das pesquisas eleitorais e desde essa época as combato. Mas vamos ao teor da carta, saído na página 2 do jornal, a mesma página onde Sandra mantinha uma coluna brilhante (é excelente escritora, autora de vários livros como “Política nossa de cada dia”) e nesse dia seu artigo intitulou-se “Baixada Fluminense, reconquista de uma tradição”:
“Poucas pessoas nos dias atuais possuem o condão de empolgar pela grandeza de sua mensagem e ação. Uma delas é Sandra Cavancanti, esta sim, autêntica e garbosa representante da afirmação feminina!
Dela se pode afirmar o que diziam de José de Alencar, isto é, que Sandra não precisa assinar seus artigos para ser reconhecida. O estilo é a mulher. Em UH ela escreve diariamente e seus artigos são candentes, objetivos, implacáveis na lógica, perfeitos na construção, plenos de estilo pessoal, personalíssimos, com frequente utilização da grifagem dos trechos mais importantes, ou onde a autora coloca mais ênfase.
Seu ecletismo é evidente na vasta gama de assuntos por ela tratados. Urge que os estadistas não sejam apenas políticos e burocratas mas também, na medida do possível, líderes espirituais. Na terrível crise que o mundo moderno atravessa, os prefeitos, governadores, presidentes etc. Precisam entender que o princípio da autoridade vem de Deus, que Deus é o primeiro a ser servido. Assim o compreendeu o Presidente Figueiredo, ao pedir à nação uma cruzada contra a imoralidade. Antes já tivéramos o nobre exemplo do heroico Sadat. E agora vemos Sandra, candidata a governadora do Rio de Janeiro.
Saibam todos que Sandra é líder católica, irmã de Madre Maria Helena (superiora do oásis de paz que é a Congregação das Irmãs de Belém em Jacarepaguá), amiga de Dom Marcos Barbosa e possuidora de grande prestígio nos meios católicos. Católica, aliás sem adjetivos, Sandra trará Deus para o Palácio Guanabara."