Carta de amor VII
Carta para um grande amor.
Nasce o dia e cantam os pássaros. Dou sorrisos à vida e me embalo com as lembranças dos nossos momentos. O tempo me castiga a todo instante, anunciando o que passou e insinuando o que ainda passará. Calo-me diante das incertezas. Mas respiro fundo e construo barcos de oxigênio para navegar no mar da saudade. Corto madeira e o machado parece chorar diante do meu olhar tristonho. As vitrines estão cheias de roupas coloridas, mas os preços estão caros e minha mochila ainda vazia. Trago na alma o desejo de tocar teu corpo, mas faço-me jóia em cofre fechado. Sem querer riscar paredes acabei riscando a minha vida com amor. As portas da igreja estão fechadas e não posso rezar no meio da rua, contudo saio de mim em busca dessa força interior que me faz viver.
Como são difíceis os dias que se calam diante da distância! Pedi às lavadeiras a brancura das suas roupas para afastar dos meus olhos a escura solidão. Sou um anel com a pedra perdida. E as forças que regem as minhas vontades estão alimentadas de esperança. Espero que as agulhas bordem o meu querer no tecido do teu corpo e que não me faltem as linhas da sabedoria. Dancei a valsa do esquecimento e senti dores nos meus pés. Esquecer para quê? Se as tintas já secaram e o desenho se faz presente na tela do meu ser. É a necessidade de amar e ser amada que me fala de ti. Conto às folhas secas que meu amor é como um fino galho de árvore, porém o vento jamais irá levá-lo. Os passos que deixam rastros indicam o desassossego da alma, à procura de um sapato perdido nas incertezas do amanhã.
Assim sou eu hoje. Entre caminhos que não me dizem nada e aqueles que contam a nossa história. Não temo o amanhã, pois ele sempre trás coisas novas, e meus braços ainda remam em direção a um caís que me leva ao teu encontro. Deixa-me querer assim como as rosas querem teu cheiro e teu carinho.
Um abraço,
Da tua poeta