O Poeta se cala
Despede quando se vai, ou sai sem falar com quem ama. Não deixa bilhete na cama, nem alarde na hora que sai.
Sai mudo, com choro embargado, apalpando o coração machucado, escorrendo sangue pisado num tom negro que se desfaz
Faz cerimônia à roda da porta, mas morta toda a esperança, sequer um beijo nas crianças, antes do passo de nunca mais.
E jaz solavanco de um salto. Atira-se rumo ao vazio. Era vida e se foi por um fio. Nunca mais correrá esse rio que trazia alegria do alto.
Saudade? Jamais saberá. Jamais entrará nessa sala. Nunca mais deitará nessa cama. Extinta da alma a chama, a voz do poeta se cala.