A Natália, Ana Clara, Mariana, Pedro Henrique e Cecília.
Amores meus
A intenção ao escrever esta carta é registrar algumas ideias sobre as quais vocês, embora a maioria ainda crianças, já são orientados sobre elas. Detenho-me sobre estes assuntos por serem atemporais e importantes para sustentar ou não os nossos ideais de seres humanos dignos de serem assim chamados.
Decidi fazer este registro depois de terminar de ler a obra de um escritor afegão, Khaled Hosseini, cujo título é “O caçador de pipas”. O romance é famoso e traz conflitos de guerra no Afeganistão, que foi invadido pela Rússia, mas o mais importante é o relacionamento interpessoal de um adulto (o pai e patrão) e dois meninos (o filho do patrão e o filho do empregado).
Dentre todo o enredo e desenlace da história, quero deter-me numa passagem que muito me chamou a atenção e considero importante compartilhar com vocês. Num diálogo entre pai e filho, o progenitor diz: “_ Existe apenas um pecado, um só. E este pecado é roubar. Qualquer outro é variação do roubo. [...] Quando você mata um homem, está roubando uma vida. Está roubando da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai. Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando trapaceia, está roubando o direito à justiça.”
Pretendo deixar claro que aqui não me atenho a discutir o que é pecado, desenvolver conceito e muito menos, em momento algum, desrespeitar o que está escrito a este respeito na Bíblia Sagrada. O que desejo é que façamos uma reflexão sobre a fala do pai e as verdades ali contidas. Sim, meus queridos, o roubo é um pecado, porque gera perdas muitas vezes irrecuperáveis. Não roubem nada de ninguém, e nem se deixem roubar! Sejam verdadeiros! Dediquem-se, usem do esforço e de suas capacidades para que alcancem e realizem seus sonhos. Não confundam humildade com deixarem-se humilhar! Tenham orgulho de suas conquistas, porém não carreguem aquele orgulho próprio dos arrogantes. Não sejam procrastinadores, se tem que fazer, faça agora, já! Na história, Amir, o filho do patrão, não realizou o que precisava ser feito e sofreu longos anos devido à falta de atitude no momento certo. Não pensem que conseguirão ser perfeitos. Ninguém é. Na história que aqui relato, o pai que tanto conhecimento tinha a respeito do pecado de roubar, cometeu um pecado que atingiu a vida de várias pessoas, revelado quase no final da trama. Portanto, não se esqueçam que todos nós estamos sujeitos ao erro. E mais importante que ter consciência da nossa humanidade muitas vezes fraca e errante, nos tornamos fortes quando entendemos que somos capazes de perdoar. E creiam, o perdão liberta mais a quem perdoa do que a quem é perdoado. Perdoem. Amem. Vivam muito e bem consigo mesmos e com aqueles que os cercam.
E deixem um cantinho no coração para esta vovó que os ama de todo forma que um grande amor é capaz de existir.