SILÊNCIO
No silêncio do quarto escuro apenas a luz branca e fria da tela do celular. Eram 5 horas da manhã. O objeto reluzente em minhas mãos trêmulas era o único confidente leal naquele momento. Quanto mais tentava dormir mais meus olhos doíam. Desisti.
A tristeza já não me machucava mais, era a decepção que insistia em me assombrar. Por que? Se eu já havia entendido que expectativas são como um punhal cravado em meu peito por mim mesma? Uma tentativa insana de culpar outrem por minha própria infelicidade.
Então aos poucos eu pensei em cada um deles como grandes vilões da minha história. Uma ilusão acreditar que o lobo mau ainda pudesse me fazer sentir melhor. Não funcionou. Eu sabia...
Todo o conhecimento de outrora, agora me impedia de me enganar novamente.
Eu sou a protagonista da minha história.
A solidão era meu algoz e minha melhor companhia. Uma dualidade para muitos uma sentença de morte, para mim, minha zona de conforto, meu refúgio... As palavras estavam presas em minha alma cansada, ninguém para ouvir... Aceitei que o lobo mau e a chapeuzinho vermelho estavam ambos dentro de mim...Eu criei meus personagens e não tive forças para salvar o que de melhor ainda resistia em mim... Meus sonhos.
Eu sei que as pessoas ao meu redor são frágeis, as vezes muito mais do que eu, mas se eu quiser respirar o ar fresco da floresta novamente, me libertar e sair do esconderijo secreto, que eu mesma criei...terei que ficar longe deles.
Continua...