Morre a poetisa
Aproveito enquanto dorme,
para velar teu sono tranquilo.
Bem antes que desperte,
assumo o Amor e te segredo.
Balbucio algo mais roçando seus cabelos,
contudo, simultaneamente à confissão,
apago tudo com sopro ao ouvido.
Não posso deixar vestígios,
desse amor bandido.
Deixemos assim mesmo:
o dito pelo não dito,
num futuro já prescrito.
Enquanto ressona em meu ombro,
apenas mais uma revelação,
antes da derradeira despedida:
Você foi a inspiração que murchou
no ramalhete de poemas em Flor.
Que pena que ambos desistimos
e que você continue dormindo.
A partir de hoje morre a poetisa.