VOU ALI MORRER
...queria sair por ai, sem me importar com o destino e sim com os caminhos...
viver um dia por vez, e de vez em quando parar no meio da estrada, acender uma fogueira, para depois recordar o que ficou perdido em alguma caverna escura do meu pensar...
conhecer o inevitável e, se eu tiver sorte, me apaixonar por alguma curva do caminho:
chorar, gritar, bater com a cabeça até não querer mais sentir nada, nem dor...
e quando o sol resolver se esconder nas minhas sombras, tentar 'burlar' a minha miopia de dois dígitos e imaginar o que ainda está por trás das montanhas inconstantes dos meus sonhos; se eles ainda estiverem lá...
mas, pensando bem, tudo isso é 'balela', estou sempre tentando achar uma forma paliativa de aceitar que tenho prazo de validade...
e que deuses e demônios e céus e infernos são apenas frutos de uma imaginação que não quer se extinguir...
mas que droga é essa:
falo de dignidade, de caráter, de honestidade, e vivo no meio de mentiras e ilusões, e ainda chamo isso de 'fé'...
de repente, quando a fogueira cessou, me deu uma vontade de voltar; não para algum lugar, ou para alguém, ou para um tempo, mas me deu vontade de voltar para mim mesmo, numa fila de comunhão, onde o meu melhor sorriso era acreditar que tudo iria dar certo, era só esperar o tempo...
então percebi como é difícil escrever uma 'carta' sem lembrar de um tempo, de um lugar, de alguém; de uma esquina (elas sempre me perseguem), de uma estação, de uma areia com rastros esquecidos, ou de um mar contrastando com as montanhas de onde eu vim...
é difícil sim, mas só é difícil porque eu sou pequeno, inútil, impotente...
então...
só me resta então ir ali morrer...
depois volto!