TSUNAMI
Ao abrir meus olhos temi as imagens como uma onda gigante devastando cada pedaço de mim.
Eu senti a água gelada, a dor tocar minha alma, e a violência das ondas agredirem meus pensamentos, não quis reagir, sucumbi ao medo da profundidade do desconhecido dentro de mim.
A beleza da dualidade confunde, mas não me ilude... As lágrimas, suas águas, análogas e salgadas.
Eu compreendi que cada iniciativa era como lutar com o tsunami, e ele sempre voltava, mais imponente e eu nua, sem forças para não me afogar.
Eu não sei nadar.
Como explicar para quem não consegue enxergar?
A minha mente, a grande vilã.
O buraco escondido da Alice, meu inconsciente, indecifrável, quanto mais tento expandi-lo, mais me perco dentro de mim.
Meu Ego debocha da minha consciência e sinuoso persiste em me confundir.
A caixa não é atingida pelo tsunami.
Mas o que é pior então?
A proteção imaginária e ilusória da caverna ou a lucidez dolorosa e consciente da minha própria existência?
E o tsunami? Como compreender suas águas congelantes em meu corpo, o tornando inerte?
As suas águas tortuosas em minha mente...confundindo meus sonhos?
E cada tentativa de inundar meus sentidos ludibriando minhas vontades?
E a iminente calmaria sorrateira, ledo engano, sequer me reconheço...
A beleza traiçoeira das águas afogam meus insights, encobrem intuições.
É como uma concha do mar enterrada na areia... escondida, inaudível e triste.
Os sinais do universo, os borburinhos e as luzes da centelha divina estão fora do buraco.
As águas frias e invasivas são cruéis, paralisam e me torturam quando não me deixam dormir.