Náufraga

E o que é estranho afinal,

é que nem eu mesma sabia,

que eu vivia a espera dele.

Ele escancarou as muralhas,

o candeeiro dos olhos me acendeu,

invadiu todos os cômodos da desvida.

Fez-me dele sua cativa.

Entretanto, fui apenas um troféu

como um farol na tempestade.

Ele nem bem aportou e já partiu

deixando-me à mercê da saudade.

Ele foi atraído pelo meu brilho,

que outrora dizimou mariposas,

ofuscadas pela mesma luz mórbida!

Se o intuito era de desancorar,

melhor seria sequer ter aportado!

Eu morreria no negrume da dúvida,

de como seria navegar num corpo

e provar dos beijos mentirosos,

de quem os distribui aleatoriamente,

de abrigo em abrigo.

Railda
Enviado por Railda em 06/08/2019
Reeditado em 12/05/2021
Código do texto: T6714160
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