Náufraga
E o que é estranho afinal,
é que nem eu mesma sabia,
que eu vivia a espera dele.
Ele escancarou as muralhas,
o candeeiro dos olhos me acendeu,
invadiu todos os cômodos da desvida.
Fez-me dele sua cativa.
Entretanto, fui apenas um troféu
como um farol na tempestade.
Ele nem bem aportou e já partiu
deixando-me à mercê da saudade.
Ele foi atraído pelo meu brilho,
que outrora dizimou mariposas,
ofuscadas pela mesma luz mórbida!
Se o intuito era de desancorar,
melhor seria sequer ter aportado!
Eu morreria no negrume da dúvida,
de como seria navegar num corpo
e provar dos beijos mentirosos,
de quem os distribui aleatoriamente,
de abrigo em abrigo.