Carta à Madrinha

Preciso lhe falar sabe?

É sobre por a mesa; por a vida na mesa.

Eu gosto voce sabe.

Uma mesa bem posta, uma companhia querida.

Se há luxo posto, bom; se não, a elegância na simplicidade é uma escolha mais que perfeita.

E aí agente põe a mesa, põe a vida à mesa, faz ligações, conexões,

se ajeita, ajeita.

É perfeito!

Gosto de dar sempre o melhor, paladar apurado, sentimentos que equilibram, estabilizam.

Coisa rara, luxo mesmo, elegância à qualquer prova.

Vida autêntica.

Assim seja. Assim tem sido, assim poderia ser sempre.

Passou um vendaval, um tsunami, um sei lá o que por aqui.

Lá se foram voando, se afogando, se estilhaçando de um tudo.

Como então por a mesa? Como por a vida à mesa?

Meus queridos merecem sempre o melhor de mim.

Assim sempre farei.

Se não há como por a mesa, se não ha o mínimo de bom

para servir à mesa...

Ha uma saída.

O tempo.

O tempo é reconstrutor de vidas, de mesas, com ou sem luxo, com ou sem a nossa vontade.

Resta a esperança que ele nos dá.

Resta aguardar para por novamente a mesa.

Para por a vida na mesa.

Sei que me entenderá, afinal já pusemos algumas mesas; já colocamos a vida à mesa outras vezes.

Só me desculpe por não saber oferecer qualquer coisa à mesa.