Infugível

" - Pegue minha mão e vamos fugir." Seriam as palavras certas nestes momentos, não é?! Não é por uma questão de covardia, tão pouco de abandono ou sequer de desejo pessoal. Eu sei, parece estranho, sem sentido, porém, é que não procurou entender enquanto isso se desenvolvia, não vai ser agora que está desenvolvido que irá entender. Não é só uma questão de mudar uma coisa ou outra, é um sentimento de não se sentir pertencente. Apenas isso. Não há erro feito por você ou eu, só não dá mais.

A fuga não seria deste cenário, da dada situação ou local, ou envolvimento com as personagens da trama. Essa fuga seria completa, seria de ir para onde me sinto pertencente. Aqui jaz quem eu já deixei de ser e perceber. O abandono verdadeiro ainda é estar aqui e não querer mais; é ter que fazer sem valor individual. Existir por existência circunstancial. Ser uma pelúcia de um outro alguém.

Dói sentir-se assim, desprovida de poder ser e estar e poder apenas encaixar-se. Dói ter que sentar e ser mais uma que escreve lamentos de algo que alguém pense não estar fazendo por falta de querer e vontade. Atormenta-me a ideia de ser só mais uma qualquer a estar morta e não poder enterrar-se e ressuscitar. E me desculpe por estar...

Clara Nuvens
Enviado por Clara Nuvens em 29/07/2019
Código do texto: T6707694
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