Epístola de domingo
Fevereiro de 2019,
O acaso supre a resolução, e o premeditado cede o passo ao fortuito. Aguardo, mas não só aguardo.
Meu amigo, antes que eu pudesse apresentar minha situação, precisei iniciar com o pensamento que me fez optar por escrever-lhe após tanto tempo... Com o perdão de tão longo intervalo, digo-lhe que falar cansa, esmiuçar essa abstração toda chamada vida, compartilhar tanto das emoções e objetivos... Que penalidade humana terrível que é! Imagine para nós que fomos amaldiçoados demasiadamente pelas oscilações...
Receio que compartilhar particularidades seja visto com maus olhos, mas quem de fato se importa? E qual ação é pura o suficiente que em nada não seja criticável por alguém? Ser culto é criticável, mudar para melhor é criticável, ser benevolente... De que é que podemos estar livres afinal? Nada... Então que seja assim!
Certas coisas já vi que não dependem de minhas ações, e por ausência de fé, coloco em mãos do acaso, mas não ignoro minhas pernas.
O desabafo está deslocado, mas venha cá exercer sua função de amigo, não estamos tão desamparados... Por mais idiotas que sejamos, há quem esteja por nós.
Até!