Uma mensagem para o cara de junho
Eu não esperava te ver naquele dia. Você mandou mensagem, me chamou para tomar uma cerveja, e quando eu vi já estava andando descalça pelo o seu apartamento. Reparando nas coisas, observando a decoração abstrata que parecia se perder por entre as paredes mostardas. Você me serviu cerveja, cachaça e por fim, whisky. Era óbvio que eu ficaria bêbada, e provavelmente mais solícita e saudosa com nossos tempos. Já havíamos terminados há anos, mas naquele dia tudo pareceu voltar.
Não de uma forma amorosa ou sensual, mas de uma forma... diferente. Olhar você, do outro lado da sala, me olhando da mesma forma que costumava fazer mas sendo alguém diferente, isso mexeu comigo. E não a ponto de me fazer questionar minhas decisões, mas me perguntei mentalmente se eu tinha sido justa ao acabar tudo da forma como fiz. Você sempre esteve lá por mim, mesmo depois do fim. E mesmo depois de todo aquele tempo, você ainda sorria para mim como se eu fosse a mulher mais linda do mundo. Eu não pude resistir a um beijo. Mil coisas passaram na minha mente, mas nenhuma delas com alguma consideração que me fizesse ficar.
Parti de madrugada mesmo, depois de passar mal no seu banheiro e fazer bagunça com suas camisetas no quarto. Você ainda me deixou na porta de casa, todo preocupado com minha glicose e todo sorridente como sempre. A gente sempre se deu bem, até mesmo quando não tinha mais motivo para dar. E você continua sorrindo desse jeito amoroso, me querendo por perto, enquanto eu fico me perguntando o que é que eu fiz pra merecer tudo isso. Você sempre foi bom demais pra mim, ou então eu é que não sou tão boa. Vai saber.