Bispo em E3. O cheque que tomou minha rainha.

Não vou endereçar diretamente a quem me ganhou, mas ele tem ciência disto. (Creio, eu.) Vocês repassem, se puderem e quiserem, até chega a ele ou além. (Tanto faz...) Sinto que fiz minha parte em reconhecer e deixar atestado. Me sinto satisfeita, e fim. O resto são detalhes alheios (ou seus). No fundo, nada disso tem valor. Mas é importante só de supor existir. E já é uma tripla vitória, pois estará grafada em minha memória. Porém, soma-te nela [e, talvez, na dele (sua)]. E isso não condiz na certeza de que sempre estarei a lê-la. Enfim!...

O jogo era interno, não tem como negar. As peças se moviam vagarosamente. (Inicia-se movendo piões. Aprendi assim.) Gostei, depois, de saltar com os cavalos. Ficava um buraco e uma dúvida grotesca. Nem eu-ela ou eu mesma poderia saber o que viria. Apenas seguiamos o jogo. O jogo se desenvolvia. Mesmo eu entediada, eu-ela recebia comentários do Bispo. Então ela se mantia, certamente, determinada e encantada. (Não sei dizer ao certo, pois esta é uma opinião para alheia existência, e somente de minha parte.)

Ciente de sua aparição, ignorei-o. Nunca me importei muito com jogos, apesar de gostar de lançar-los muito. Não digo que fora um fatídico erro. Alguém saiu ganhando. Sou egoísta, e esse detalhe eu mesma não desprezo. Só não posso fazer nada. Mas ela também se fez de egoísta. Guardou para si mesma ajuda dele. Acho que senti inveja. Todavia, não importa, eu consumo orgulho. [Sentimento que deveria dar sublime importância a este "*" aqui. (Deixo em aberto o adjetivo que quiseres usar.)]

Encantada pelos possíveis movimentos das peças em si, nenhuma estratégia fiz. Bastava esta diversão para mim. Dela, sentia eu, a insegurança de fazer o mesmo. Ela queria ganhar, mesmo sem saber como o fazer. Meu experimentar suplantava a ideia de que eu sabia o que estava a fazer. Foi assim que ele foi aconselhá-la também. Não sabia que este agir me traria tantas desvantagens. (Olhar as peças com espanto pela criatividade de seu criador também dava o entender de que estava planejando passo futuros. Pífio interpretar...) E foi assim, sem querer enganando, que se fez de tanto espanto e eles fizeram a tal jogada. Cheque e ameaça à rainha. Fui pêga de surpresa pela possível ideia de fim de jogo que movi impulsamente o rei sem olha o todo, querendo apenas continuar me surpreendendo. Perdi a rainha sem nem a experimentá-la totalmente. Foi apenas um movimento. E perdi-á. Nunca mais fui a mesma, até hoje. E, para eu-ela, satisfação desenfreada e gritante.

Admito que queria cessar o jogo, mas ela não deixou. Usou de argumentos que me feria o orgulho. E combustível alterado não te leva muito longe.

As vezes a prendo pela vergonha que passei. Mas o mundo não é somente meu, é nosso. Então a deixo vir vê-lo as vezes. E é isso. Desimportância de valor, como tudo na vida. (Estranho,) A diferença é que aqui parece não te caber e interessar, mas valhe-te também. Cheio de dicas de como se relacionar conosco, mas não sabemos se será apreendido. E o jogo agora é outro. Eu aprendi a mover muito mais que as peças de xadrez. E quando chegar a ele, mesmo sem peças e tabuleiros, sou eu quem lhe derá o cheque. Que movimento fará a segui, senhor Bispo?

Kkkkk ' - Clara Nuvens.

Clara Nuvens
Enviado por Clara Nuvens em 21/06/2019
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