Cartas para a minha ansiedade: Litania dos vinte
Eu tenho mais de vinte anos e ainda tenho sonhos adolescentes. Não faz mal eu demorei a crescer.
Aos dez anos eu imaginava que ser adulta era divertido, triste ilusão, alguém deveria ter dito aquele garotinha estranha, a verdade que crescer machucaria mais que cair da bicicleta.
Eu tenho mais de vinte anos e ainda tenho sonhos adolescente e medo infantis.
Eu tenho medo do escuro, tenho medo dos monstros que vivem no armário e saem à noite.
Na minha imaginação esses monstros não são fofos ou gentis como o Celie do filme “Monstros S.A”.
Eu tenho mais de vinte anos, tenho medo de tempestades e trovões.
Quando era criança me diziam que era São Pedro nos fotografando, mas na minha cabeça não fazia sentido. E o medo continuava lá, quando cresci descobrir que em noites de tempestades e trovões falta luz.
E eu tenho medo do escuro, pois é lá que vivem os fantasmas do inseguro que me aterrorizam
É no escuro que ela cria os monstros, ela me deixa insegura ela me aterroriza desde que era uma garotinha.
A ansiedade está comigo todos os dias, mas no escuro que ela se transforma no bicho papão.
Eu tenho mais de vinte anos e a ansiedade ainda cria monstros que não existem, ela me transforma em uma adolescentes com medos e inseguranças.
É eu tenho mais de vinte anos e ainda tenho medo de tempestades e trovões.
Um certo alguém me disse “confere de 1 até 10 quando você ver, os raios e os trovões já pararam”.
Eu tenho mais de vinte anos e ainda tenho medo do escuro.
Eu tenho mais de vinte anos e ainda pareço uma garotinha que pede abraços quando está com medo.
Eu tenho mais de vinte anos e ainda tenho medo de tempestades, eu ainda tenho medo de tudo, da vida, do mundo e eu morro de medo dos homens severinos.