Oito dias sem teu toque
Há oito dias precisaste partir, meu coração destoou, minhas mãos estremeceram, e meu corpo tremulou, uma voracidade de sensações que não sabia ao certo o que de fato sentira. Uma parte de mim lamentava tua partida, a outra, sentia o gosto de saudade que deixaria tua partida. Foste.
Na primeira noite, o teu lado da cama vazio pareceu um oceano, enquanto me sentira uma formiga imersa nele, não conseguia me encontrar em nossa cama. Algumas lágrimas puseram-se fora do olho e eu estava nu de mim e sem minha principal parte: tu.
Em teu corpo eu me encontrei por inúmeras vezes, meus lábios a tatear teus detalhes, minhas mãos a beijar teu corpo e eu, uma inversão de mim. Não sabia que ouvir tua voz fosse tão importante para mim, ler tuas palavras, olhar nas profundezas dos teus olhos e perceber quem sou. Eu através de tua ótica, novo ser. Quem há de me ver com teus olhos, enquanto a chuva cai nas tardes frias de junho que se anteciparam para o fim de maio?
São quase 14h e eu ainda tenho a esperança de ouvir, mais uma vez, a tua voz. Silêncio teu. Vontade minha. O que se depreenderá de nós nesse teste de resistência que é não te ter ao meu lado? Vazios meus, teus sorrisos. Nós no precipício que só a nós cabe. Tuas lágrimas a cair, meu egoísmo. Um eixo: o desejo de nos pertencermos. Há muito de tu em mim. Meu corpo anseia desesperadamente o teu, mas só haverá tu em agosto. Tuas dores minhas, meu bem-estar teu. Não há espaço para o que pretende nos separar, porque já estamos ligados em almas. Meu corpo é piano em tuas mãos, trago comigo partituras da nona sinfonia de Bethovem, porque é na angustia de cada nota que nos encontramos. Eu perdido em teu mundo, tu no que ainda resta de mim. Nós envolvidos no que há de sentir, teu sorriso e nosso silêncio, um dia voarei a ti.