Casa vazia
Tenho quatro paredes.
E tenho riscado e rabiscado todas elas na tentativa de não sufocar.
Não deveria me sentir tão só, porque me tenho. E eu sou.
Não deveria me abalar tão facilmente com a solitude, porque eu me bastaria, naqueles sonhos bobos, e estaria tudo bem. Logo.
Dentro de mim, eu tenho quatro paredes acolchoadas.
Debato-me, grito, me rasgo e me remendo constantemente, sem cessar.
Tenho gritado sozinha e em silêncio. Que Deus não me ouça e os vizinhos não me entreguem.
Tenho sido um emaranhado de coisas vãs que atordoam loucamente a ponta de sanidade que quase finda.
Tenho quatro paredes e nenhum teto.
Não há companhia melhor para mim que a falta.
Não há companhia melhor para mim que o tempo.
E o silêncio grita e me mata.
Pé ante pé.
Sorrindo.
Só.
Tenho quatro paredes e nenhuma estrutura.
A casa está vazia em mim.